Chegou ao fim a ”Era Luís Suárez” no Uruguai. O maior artilheiro da Celeste anunciou, na última segunda-feira (2), aposentadoria da seleção, aos 37 anos.

Um dos maiores nomes do futebol de seu país, o atacante colecionou momentos icônicos, como o título da Copa América de 2011, além de ter participado da campanha do quarto lugar na Copa do Mundo de 2010.

Diante deste cenário, o ESPN.com.br reuniu, em ordem cronológica, 10 acontecimentos marcantes da trajetória de Luisito pelo Uruguai.

1- A curiosa estreia contra a Colômbia

A estreia de Suárez com o Uruguai foi contra a Colômbia em um amistoso disputado em 7 de fevereiro de 2007, em Cúcuta. Sob o comando do técnico Óscar Washington Tabárez, o atacante começou na ponta direita ao lado de Loco Abreu e Turbo Gonzalo Vargas.

Aos 13 minutos do primeiro tempo, Suárez, que jogava com a camisa 10 nas costas, recebeu um passe de Vargas e ficou de frente para o goleiro colombiano Miguel Calero, que cometeu um pênalti e foi expulso. Abreu cobrou e abriu o placar. No segundo tempo, El Loco e Vargas marcaram para fazer 3 a 0 para a Celeste.

Faltando cinco minutos para o fim do jogo, um jogador uruguaio recebeu a bola pela esquerda e tentou protegê-la, mas o árbitro Jorge Hoyos o acusou de cera e ele foi empurrado por dois jogadores colombianos. Suárez, que havia tido uma grande atuação, protestou com o árbitro, que parou repentinamente ao ouvir a reprovação do Pistolero e lhe mostrou o cartão vermelho. O Uruguai venceu a partida por 3 a 1.

2- O primeiro gol pela Celeste

Depois de sua estreia na seleção principal, o atacante disputou a Copa do Mundo sub-20 em 2007 (a Celeste de Gustavo Ferrín perdeu para os Estados Unidos nas oitavas de final) e, em setembro, foi convocado novamente por Tabárez, jogando com a seleção nacional em um amistoso contra a África do Sul que terminou em 0 a 0 em Joanesburgo.

O primeiro gol coincidiu com sua estreia oficial: em 13 de outubro de 2007, a seleção uruguaia recebeu a Bolívia no estádio Centenário na primeira partida das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, e Suárez abriu o placar aos quatro minutos do primeiro tempo. A Celeste venceu por 5 a 0 graças aos gols dele, de Diego Forlán, Abreu, Vicente Sánchez e Carlos Bueno.

3- A mão na bola na Copa do Mundo de 2010

Aos 23 anos e vestindo a camisa 9, Suárez jogou sua primeira Copa do Mundo, na África do Sul, em 2010. Na terceira rodada do Grupo A, o Pistolero anotou seu primeiro gol na competição na vitória por 1 a 0 sobre o México (na partida anterior, ele havia sofrido um pênalti e dado assistência para o gol de Álvaro “Palito” Pereira na vitória por 3 a 0 sobre a África do Sul).

Nas oitavas de final, ele marcou dois gols para ajudar o Uruguai a chegar às quartas de final (2 x 1 contra a Coreia do Sul) e, nas quartas de final contra Gana, ele salvou a Celeste quando, aos 120 minutos, defendeu o que seria um gol certo dos africanos com as mãos.

Asamoah Gyan perdeu o pênalti, a partida terminou em 1 a 1, e o Uruguai se classificou para as semifinais ao vencer a disputa nas penalidades. Mais tarde, a equipe de Tabárez perdeu por 3 a 2 para a Holanda (Suárez não jogou por estar suspenso) e, na disputa pelo terceiro lugar, foi derrotado por 3 a 2 para a Alemanha.

4- O título da Copa América de 2011

Um ano depois, Suárez teve um desempenho brilhante na Copa América de 2011, realizada na Argentina, sendo a estrela da equipe e da competição (ele foi premiado como o jogador mais valioso do torneio).

El Pistolero jogou em todas as seis partidas e marcou quatro gols na Copa, incluindo um na vitória do Uruguai por 3 a 0 sobre o Paraguai na final no estádio Monumental de Núñez.

5- O maior artilheiro do Uruaguai

El Pistolero se tornou o maior artilheiro do Uruguai quando anotou seu 34º gol com a Celeste, ultrapassando Forlán, que ainda estava na disputa; depois, houve alguns momentos em que seu contemporâneo o igualou e até ficou novamente em primeiro lugar, mas, em setembro, Suárez marcou duas vezes contra o Peru em Lima, “recuperou” o primeiro lugar novamente e ninguém mais conseguiu alcançá-lo.

6- A recuperação relâmpago

Em 11 de maio de 2014, no último dia da Premier League de 2013/14, Suárez sofreu uma falta duríssima do galês Paul Dummett na vitória do Liverpool por 2 a 1 sobre o Newcastle, em Anfield.

Dias depois, foi confirmada uma ruptura no menisco, colocando em dúvida a presença de Suárez na Copa do Mundo no Brasil.

Em tempo recorde, ele conseguiu se recuperar e jogar no dia 19 de junho na Neo Química Arena, na segunda rodada do Grupo D contra a Inglaterra (o Uruguai havia perdido por 3 a 1 para a Costa Rica na estreia).

A Celeste venceu com dois gols do Pistolero, aos 38 e 84 minutos; Wayne Rooney havia marcado o gol de empate aos 74. Depois de marcar o 2 a 1, Suárez não conseguiu conter as lágrimas e apontou para Walter Ferreira, o fisioterapeuta que foi fundamental na recuperação do atacante e que morreu dois anos depois, após uma batalha contra o câncer.

7- A mordida em Chiellini

O Uruguai foi para a partida final da fase de grupos da Copa do Mundo de 2014 com a obrigação de vencer a Itália, e o fez por 1 a 0 graças ao gol de Diego Godín. Horas depois, no entanto, uma sanção enorme e sem precedentes contra Suárez foi confirmada pela Fifa por ter mordido o zagueiro Giorgio Chiellini no meio do jogo.

O uruguaio foi expulso do Mundial, suspenso por nove partidas oficiais com sua seleção nacional e banido de todas as atividades futebolísticas por quatro meses, incluindo comparecer a estádios e campos de treinamento, usar as instalações do clube ou dar declarações..

A Celeste, sem Suárez, perdeu por 2 a 0 para a Colômbia nas oitavas de final (James Rodríguez marcou dois gols).

8- O retorno de Suárez

El Pistolero só pôde defender oficialmente a Celeste em 25 de março de 2016 (ele não estava qualificado para jogar a Copa América de 2015), jogando em Recife contra a seleção brasileira na quinta rodada das eliminatórias. O Uruguai estava perdendo por 2 a 0, mas Edinson Cavani marcou no final do primeiro tempo e depois Suárez empatou no início do segundo tempo; o Pistolero teve a chance de dar a vitória aos visitantes, mas eles tiveram que se contentar com um valioso empate em 2 a 2.

Outro grande retorno de Suárez com a Celeste aconteceu em novembro de 2023. O argentino Marcelo Bielsa, nomeado novo técnico do Uruguai em maio daquele ano, não havia convocado o atacante para o início das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, e só o fez na última rodada dupla do ano.

Quando entrou em campo contra a Bolívia no Centenário, em 21 de novembro, Suárez foi imensamente aclamado pelo público e se tornou o único uruguaio a jogar em cinco partidas das eliminatórias.

9- As lágrimas na última Copa do Mundo

A imagem antes do jogo de volta contra a Bolívia era de grande tristeza: o Pistolero estava chorando no banco de reservas depois de ser substituído na partida contra Gana na terceira rodada do Grupo H da Copa do Mundo de 2022, no Qatar. O Uruguai estava vencendo por 2 a 0, mas a vitória da Coreia do Sul por 2 a 1 sobre Portugal eliminou a Celeste.

A última partida de Suárez no Mundial o colocou como uma das grandes figuras, com imagens de felicidade total, parecendo reerguer a ele e à Celeste das cinzas. A frustração e o golpe da eliminação na fase de grupos se traduziram em lágrimas desconsoladas que puseram fim a uma geração inesquecível que, no Qatar, viveu sua quarta e última Copa.

10 – As duras despedidas

Em seus últimos anos com a seleção uruguaia, Suárez parecia determinado a vencer a onipotente e implacável passagem do tempo, e os torcedores da Celeste não queriam abandonar seu camisa nove.

“Não é fácil dizer chega. O jogador de futebol não está pronto para se aposentar”, reconheceu Suárez em dezembro de 2023 ao falar sobre suas dores no joelho.

Quando o Uruguai venceu o Peru por 1 a 0 em 24 de março de 2022 para se classificar para a Copa do Mundo no Qatar, Suárez cortou e pegou um pedaço da rede de um dos gols no Estádio Centenário, acenou para a multidão, despediu-se e pensou que era a última vez.

Mas depois de seu quarto Mundial, ele voltou em novembro de 2023 e, contra a Bolívia, o povo reconheceu e agradeceu por tudo o que ele havia feito.

Mas então veio a Copa América nos Estados Unidos, a dor da derrota na semifinal contra a Colômbia, seu gol angustiante contra o Canadá na disputa pelo terceiro lugar, a medalha de bronze, seus companheiros de equipe que o ergueram e Lucho que pegou a bola naquela partida contra a equipe norte-americana.

“Você tem que aproveitar cada momento e cada etapa. Você não sabe se pode ser a última, por isso aproveito como se fosse uma criança”, disse ele à DSports após o confronto com o Canadá.


(*Tradução: Vinicius Garcia)