A Polícia Militar agiu rápido e identificou três suspeitos no caso do “drone misterioso” que agitou o treino da seleção brasileira nesta terça-feira (3), no CT do Caju, em Curitiba.

De acordo com o tenente Everton Taborda, comandante do policiamento do 13º batalhão, três pessoas foram conduzidas à delegacia para prestar depoimento.

Taborda ainda informou que a polícia trabalha com a hipótese de que o trio fazia captação irregular de imagens para venda, em um possível caso de espionagem.

Vale lembrar que, na próxima sexta-feira (6), o Brasil recebe o Equador para jogo importantíssimo pelas eliminatórias da Copa do Mundo 2026.

“Havia três pessoas inicialmente identificadas: um venezuelano, um equatoriano e um brasileiro. O brasileiro estava inicialmente pilotando o drone. Ele passou bem baixo, perto dos jogadores, entre outras pessoas. No momento em que ele viu que seria abordado, ele fez uma manobra e jogou o drone nas árvores para que não fosse abordado. As equipes conseguiram localizá-lo e identificá-lo, e também na sequência o equatoriano também foi identificado. Momentos depois, foi feita a identificação de todos os envolvidos. Eles serão encaminhados à Polícia, será feito um termo circunstanciado, vamos recolher todos os materiais, como o computador usado para armazenamento das imagens, o drone e os celulares dos envolvidos”, informou o tenente.

“Inicialmente (a acusação aos suspeitos) é de expôr a saúde ou o perigo de outros, mas vamos averiguar se eles não estavam utilizando esse drone para fazer a captação irregular de imagens para fazer algum tipo de venda ou algo do gênero”, seguiu.

“A gente trabalha com essa hipótese [de espionagem], visto que na primeira abordagem ele [suspeito detido] foi bastante relutante e não passou nenhum tipo de informação. Inclusive, passou até dados falsos sobre a sua identificação. Mas não temos a total fundamentação para fazer esse encaminhamento”, complementou.

De acordo com Taborda, a polícia ainda não conseguiu acessar as imagens do drone e nem o que foi arquivado no computador apreendido.

Agora, a equipe de perícia técnica fará o desbloqueio dos aparelhos para dar sequência às investigações, enquanto os suspeitos aguardam audiência.

“A gente não conseguiu acessar o computador, porque está bloqueado, e também não conseguimos acessar as imagens do drone. Mas eles estão sendo conduzidos à Polícia. A gente vai fazer a identificação, o boletim de ocorrência e o termo circunstanciado. Aí vai ser marcada uma audiência junto com o juiz para averiguar quais serão as medidas tomadas”, apontou.

“Esse material vai ser encaminhado para a perícia técnica, que vai desbloquear os aparelhos e levantar qualquer tipo de informação que eles tenham gravado. Ficará tudo apreendido até a determinação judicial”, finalizou.

Procurada, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) informou que foi notificada pela polícia da investigação e aguardará o final do procedimento para saber se fará alguma movimentação.

A princípio, porém, a entidade que rege o futebol nacional apenas acompanhará a conclusão da investigação por parte da PM e não tomará qualquer outra atitude.

O que aconteceu no caso do drone?

Nesta terça-feira (3), a seleção brasileira treinou pela segunda vez no CT do Caju, em Curitiba-PR, a primeira com o grupo completo.

Contando agora com o goleiro Alisson, o volante Bruno Guimarães e o quarteto do Real Madrid (Vinicius Jr., Rodrygo, Endrick e Militão), o time fez trabalhos de campo reduzido na casa do Athletico-PR, ainda sem um desenho do 11 titular para encarar o Equador, nesta sexta-feira (6), pelas eliminatórias da Copa do Mundo 2026.

O trabalho na capital paranaense ainda foi marcado por um fato inusitado, depois que um “drone misterioso” surgiu sobre o CT rubro-negro e colocou todos em alerta.

Assim que o objeto foi avistado, a comissão de Dorival Júnior ficou extremamente incomodada, acionando os seguranças da CBF.

Teve início um “corre-corre” no CT do Caju, com os seguranças procurando o dono do drone e a polícia sendo também acionada.

Posteriormente, o dono do objeto foi identificado. Ele estava fora dos muros do centro de treinamento e, assim que avistou os policiais, correu para um viaduto próximo.

A PM, porém, interrogou um amigo que estava junto, identificado como Steven Alarcón, do Equador.

Em entrevista à ESPN, ele confirmou que estava com um amigo e que o colega estava filmando o treino da seleção, mas apenas para ver os jogadores mais de perto.

“A gente estava ligando o drone, mas não estávamos fazendo nada de errado. Os caras [polícia] vieram correndo aqui e eu não corri”, iniciou.

“A gente só queria ver os jogadores de perto, sem problema nenhum. Se eu estivesse fazendo algo errado, teria corrido, mas eles vieram aqui e conversamos numa ba, de homem para homem”, seguiu.

“A filmagem era para o meu amigo, mesmo. Foi ele que quase parou o treino (da seleção), não fui eu, não (risos)”, brincou.

De acordo com a polícia, não será feita qualquer acusação criminal contra Alarcón, a não ser que o Athletico-PR resolva prestar queixa.

Até o momento, a polícia e a segurança da CBF não conseguiram ter acesso ao drone ou às imagens gravadas pelo objeto.

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