A Operação ‘Integration, deflagrada na manhã desta quarta-feira (04), pegou de surpresa a todos no Corinthians. A investigação da Polícia Civil de Pernambuco, que trata sobre lavagem de dinheiro e prática de jogos ilegais, teve como um dos alvos o empresário Darwin Henrique da Silva Filho, CEO da Esportes da Sorte.

A plataforma de apostas online é desde 25 de julho a patrocinadora máster do clube, e ocupa espaço de destaque na camisa alvinegra. A empresa estampa também os uniformes de Bahia, Ceará, Náutico, Santa Cruz, ABC e Athletico-PR, além da equipe feminina do Palmeiras.

A ESPN apurou que representantes das áreas de marketing e comunicação do Corinthians e da Esportes da Sorte iniciaram os contatos ainda na manhã de quarta-feira, monitorando os desdobramentos da operação que cumpriu 19 mandados de prisão e 24 mandados de busca e apreensão em seis estados.

Uma fonte ouvida pela reportagem indicou, no entanto, que não há razão para que o clube se manifeste publicamente neste momento. A palavra de ordem nesse momento no Parque São Jorge é cautela.

A patrocinadora acertou em julho um contrato de três anos com o Corinthians. Além da camisa do futebol profissional, a empresa também expõe a marca nas equipes de futebol feminino profissional, futsal masculino profissional e basquete masculino profissional.

A Esportes da Sorte enviou comunicado à imprensa sobre a operação.

“O Esportes da Sorte ratifica seu compromisso com a verdade, com o jogo responsável e, principalmente, com o cumprimento de todos os seus deveres legais. A nossa casa está de portas abertas para apresentar documentos, esclarecer dúvidas e prestar apoio irrestrito a qualquer ação investigatória”.

“Atuamos sempre com muita transparência e lamentamos o fato de, no momento, estarmos às escuras, sem acesso aos autos do inquérito e aos motivos da ação policial. Seguimos à disposição para todo tipo de esclarecimento que seja necessário para elucidar qualquer controvérsia”.

A operação contou com mandados expedidos pela 12ª Vara Criminal da Comarca do Recife para sequestro de bens e valores, bloqueio judicial de ativos financeiros e outras medidas cautelares.

Dono da VaideBet também é investigado

A VaideBet, site de apostas que rompeu unilateralmente o contrato de patrocínio máster com o Corinthians no início de junho, também tem integrantes entre os investigados na Operação ‘Integration‘. Dono da empresa, José André da Rocha Neto está entre os alvos da ação.

Em comunicado à imprensa a VaideBet se colocou plenamente à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos. “A marca, no entanto, ressalta que recebeu com surpresa o cumprimento do mandado de busca e apreensão realizado nesta quarta-feira, uma vez que desde o ano passado se prontificou em contribuir com as investigações, tendo previamente indicado os endereços e contatos pertinentes”.

“As atividades da empresa até aqui são pautadas pelo estrito cumprimento da legislação vigente e já estão adequadas à regulação do setor para 2025. Ainda no mês de agosto, o Grupo BPX, empresa detentora da marca VaideBet, deu entrada no requerimento da licença junto ao governo federal para obtenção da outorga para atuação regularizada no Brasil a partir do início do próximo ano”.

O que investiga a Operação Integration?

Deflagrada nesta quarta-feira (04), a Operação Integration teve como alvo uma organização criminosa ligada a jogos ilegais e lavagem de dinheiro.

A investigação, iniciada após apreensão de R$ 180 mil reais em espécie em 1º de dezembro de 2022, passou a acompanhar movimentações financeiras a partir de abril de 2023.

Segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, foram movimentados, de janeiro de 2019 a maio de 2023, mais de R$ 3 bilhões em contas correntes, em aplicações financeiras e dinheiro em espécie, provenientes dos jogos ilegais.

Isso acontecia, segundo inquérito, através de empresas de eventos, publicidades e casas de câmbio e seguros.

“Foram recolhidos pela Justiça 17 carros de luxo e 38 veículos restritos no Renajud, sistema on-line de restrição judicial de veículos criado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Além disso, foram apreendidos mais de cem imóveis, quatro aviões e sete embarcações”, divulgou o órgão federal.