Objeto de desejo de milhões de torcedores ao redor da Europa, a taça da Uefa Champions League possui história vasta (e curiosa). Entre mudanças de formato, detalhes e até tamanho, a “orelhuda” começa a ser novamente disputada nesta terça-feira (17), com o início da temporada 2024/25.
Desde 1956, quando o Real Madrid conquistou o torneio pela primeira vez, 56 capitães diferentes foram responsáveis por levantá-la, sendo Nacho Fernández o mais recente, em Wembley, e a dupla Franz Beckenbauer e Sergio Ramos os recordistas, tendo ambos erguido o troféu em três ocasiões.
(Conteúdo patrocinado por Novibet, Claro, Ford e Betfair)
Apenas um brasileiro teve a honra de levantar a taça: Marcelo, na conquista do Real na temporada 2021/22. O lateral-esquerdo, ao lado de Fernando Redondo e Javier Zanetti, é um dos três não europeus a ser capitão de um time campeão do torneio.
O troféu atual mede 73,5 cm, mas não é necessariamente pesado para aqueles que o empunham, com peso de 7,5 kg. Alguns detalhes fazem do simples, porém charmoso, objeto ainda mais bonito.
Toda moldada por prata de lei, a taça é “oca” por dentro, mas revestida com tons de ouro. Nem sempre, porém, o formato foi assim. O valor de produção é de cerca de 2,2 mil libras, algo em torno de R$ 16 mil na cotação atual.
O troféu original, aliás, era bem diferente do atual. Em 1955/56, para a primeira edição da então Copa dos Campeões, o jornal francês L’Équipe, idealizador e incentivador da competição, doou a edição primária do objeto.
Seu design era mais redondo, com um “pescoço” mais alto do que é conhecido hoje em dia, e alças (ou orelhas) bem menores. Em 1967, a Uefa decidiu encomendar um novo troféu e cedeu o original ao Real Madrid, então atual campeão e já maior vencedor do torneio, com seis conquistas. Benfica, Milan e Inter de Milão foram outros times a levantarem a primeira versão da taça.
Foi aí que, em março de 1967, Hans Bengerter, então secretário-geral da Uefa, encomendou um novo desenho do troféu, que foi feito em Berna por Jürg Stadelmann.
Em entrevista ao site da Uefa, o desenhista lembrou o longo processo de criação do hoje tão famoso troféu. “O meu pai, Hans, e eu fomos até ao escritório de Bangerter e cobrimos o chão de desenhos. Ele fez comentários como, ‘os búlgaros gostariam do fundo dessa. Os espanhóis gostariam dessa, mas os italianos prefeririam essa e os alemães escolheriam esta’. Depois juntámos tudo, como um quebra-cabeça”.
O processo de criação demorou 340 horas, com Stadelmann conseguindo cumprir um horário rígido por conta da exigência de que tudo estivesse pronto antes de 28 de março daquele ano. E o motivo não era nada usual.
“Porque ia me casar e levar a minha mulher a Los Angeles em uma viagem de barco que ia durar dez dias. Fiz o melhor trabalho possível, que depois foi concluído pelo gravador, Fred Bänninger. E a tempo”, relembrou o criador.
Mas aquela versão original de 1967 ainda sofreria mudanças. Mais especificamente em 1994. Com a mudança do nome da competição de Copa dos Campeões para Liga dos Campeões, a escrita que ficava na parte da frente do troféu passaria a ser outra.
Com nova fonte, maior e em letra maiúscula, passaria a estar escrito, em francês: COUPE DES CLUBS CHAMPIONS EUROPÉENS. Além disso, as “orelhas” tiveram leves alterações, ficando menos largas do que antes.
A temporada 1994/95 ainda demarcaria outra mudança importante. Se antes a parte de traz do troféu era lisa, sem nenhuma escrita especial, a partir daquele ano, os nomes dos times campeões passariam a ser gravados ali.
Mas esse detalhe passaria por uma mudança anos depois. E o motivo diz respeito a uma regra que a Uefa instituiu décadas antes, logo depois da criação do desenho atual da taça.
Em 1968/69, ficou definido que toda equipe que conquistasse o título cinco vezes ou em três anos consecutivos poderia ficar com a taça original. Depois disso, a conta era reiniciada. Indiretamente, o Real Madrid foi o primeiro a conseguir o feito depois que ficou com o troféu original em 1967.
O Ajax, em 1973, foi o segundo time a ficar com a taça original depois do tricampeonato consecutivo. Três anos depois, o Bayern de Munique conseguiu o mesmo feito e também ficou com o troféu.
Somente em 1994 um novo time conseguiria ficar com o objeto original novamente. Depois de sua quinta conquista, o Milan levaria a taça – que no ano seguinte passaria por mudanças. Em 2005, o Liverpool conquistaria seu quinto título e ficaria com o troféu original, com a lista de todos os campeões desde 1995 na parte de trás.
A partir da temporada 2005/06, a Uefa teria a quinta versão do troféu atual. Agora, o objeto passaria a carregar a lista de todos os campeões do torneio, desde a primeira edição de 1956. Em 2008/09, a confederação extinguiria a regra de entregar a taça original para os campeões, com todos recebendo réplicas da “orelhuda”.
O apelido, aliás, não é uma exclusividade do Brasil. Em diversos países, fãs do torneio fazem menção às “alças” largas para chamar carinhosamente o objeto tão desejado.
Na Rússia, por exemplo, o nome Ushastiy significa “o garoto com as orelhas de jarro”. Em outros países, a tradução livre é mais próxima da brasileira, como na Espanha, onde a taça é chamada de La Orejona.
Agora, em 2024/25, um novo formato de competição se inaugura. Uma coisa, porém, é comum aos outros anos: o desejo de todos os clubes de levarem a taça da Champions League (ou mesmo sua réplica) para guardar em seus museus.