A denúncia de suposto envolvimento de Lucas Paquetá em manipulação e apostas esportivas chamou atenção dos amantes de futebol. Dez anos antes do caso do brasileiro, porém, um outro atleta não foi apenas acusado, como também chegou a ser preso na Inglaterra.
O ex-zagueiro Moses Swaibu passou quatro meses na prisão e outros quatro usando uma tornozeleira eletrônica. O ex-atleta, atualmente com 35 anos, tinha 24 na época da condenação e foi banido do esporte por 15 anos.
Ele não tem pretensão de voltar a atuar. Agora, mais maduro, conta com o apoio da própria Federação Inglesa, que o puniu, para tocar a Gamechancer 360, uma plataforma que ele mesmo criou com missão de ajudar instituições, clubes e governos a melhorarem a educação e a integridade no futebol.
Swaibu admite que topou participar de manipulações por “dinheiro e ganância”. Depois de se envolver nas primeiras ações, ele virou homem de confiança de um sindicato de apostas asiático e passou até a encontrar outros jogadores em divisões inferiores para corromperem partidas.
“Começou com a gente sendo informado que o que precisaríamos fazer era conceder dois gols. Fizemos isso. Ganhar dinheiro e ganância é o que me pegou”, disse, em entrevista exclusiva à ESPN.
“Era manipulação de resultados e crime organizado, e era um veneno para o jogo. Esse veneno poderia ter continuado se eu não tivesse sido preso. Fui banido por 15 anos quando eu tinha 24 anos e agora tenho 35, então provavelmente passei 10 anos desta suspensão, mas nunca poderei voltar a jogar futebol de verdade”, completou.
O então jogador começou a ganhar muito dinheiro com manipulações de partidas. As movimentações suspeitas nas apostas, porém, chamaram atenção e fizeram com que uma investigação fosse aberta. A punição veio com prisão e banimento global. Tudo que viveu faz o ex-atleta acreditar que um erro não deve decretar o fim de uma carreira.
“É um momento assustador entrar na federação de futebol com seus advogados e representantes, sentar e ouvir que você está prestes a perder sua carreira”, afirmou, antes de destacar a acusação contra Paquetá, que deve encarar uma audiência em março do ano que vem.
“Eles têm que ser sensíveis, porque a percepção pública e a influência sobre esse caso, na minha opinião, podem resultar em ele potencialmente recebendo uma suspensão maior ou sentença porque ele é uma grande personalidade. Acho que você tem que humanizar o que temos como informação pública e deixar a Federação Inglesa (FA) fazer seu trabalho. Qualquer que seja o resultado, Paquetá ainda é um ser humano”, disse.
A punição fez Moses Swaibu repensar a relação com o esporte e se dedicar para que o caso dele não se repita.
“Você vem de um ambiente e uma sociedade que podem ser suscetíveis a certas variações de corrupção e pessoas tentando arruinar sua carreira antes mesmo de começar. Então quase se tornou uma missão para mim na prisão, essa missão se tornou realidade enquanto eu me sentava com a Federação Inglesa e começava a construir o que é a educação para a integridade hoje”, contou.
“Deveria começar pelo sistema de academias de base ou mesmo pela escola, por exemplo, porque se você tem um ecossistema melhor de educação, o que é necessário em apostas, jogos de azar e delitos relacionados à integridade, você não vai mais ouvir sobre jogadores sendo pegos em escândalos de manipulação de resultados ou delitos relacionados a apostas”, concluiu.