Nove segundos, 28 centésimos e a eternidade em 300 metros de asfalto. Há 34 anos, Ayrton Senna faturava o bicampeonato da Fórmula 1 após colidir com Alain Prost ainda na primeira curva do GP de Suzuka, no Japão.

Mais de três décadas depois daquele que foi considerado o “dia da revanche”, o triunfo do lendário piloto brasileiro volta a pedir passagem neste sábado (2), desta vez, com uma homenagem após o treino classificatório do GP Brasil, no autódromo de Interlagos.

Heptacampeão e fã de Senna desde a infância, Lewis Hamilton terá a missão de conduzir o MP4/5B, da McLaren, usado pelo ícone brasileiro em seu segundo título mundial, em 1990.

Na ocasião, Senna, que havia largado na pole, acabou ultrapassado por Prost, único que poderia o roubar o título na penúltima prova. O brasileiro, no entanto, reagiu e emparelhou sua McLaren com a Ferrari na primeira curva, causando o choque de ambos a 260 km/h.

Após a disputa do ano anterior, quando o francês forçou o toque para levar o título mundial, a rivalidade mais uma vez terminava em poeira e detritos na pista, desta vez, no entanto, com festa brasileira no final.

Com o MP4/5B na temporada 1990, Senna conquistou seis vitórias e 11 pódios, além de sete poles, e a McLaren conquistou o título mundial de construtores, à frente da Ferrari.

Aquele foi o segundo dos três títulos mundiais de Senna, que ainda chegaria ao seu terceiro troféu no ano seguinte.

Antes da homenagem no GP Brasil, o carro usado pelo brasileiro foi exposto aos fãs em um evento gratuito em parceria entre a McLaren e a OKX Race Club, em São Paulo.

Moradora de Poá, na região metropolitana de São Paulo, Laudicéia Gonçalves não conteve as lágrimas ao ver de perto o bólido pela primeira vez.

“Tenho um filho especial autista de quatro anos e ele gosta muito de corrida, então não consegui segurar a emoção. A família toda gosta de corrida e é fã do Senna. Lembro que, no momento em que ele se acidentou (em 1994), estávamos na sala e foi muito triste. É algo que nunca esqueço, que não sai da minha cabeça. Tive a oportunidade de ir até o monumento dele em Interlagos, e isso foi muito emocionante também”, disse.

Além do MP4/5B, usado por Senna em 1990, o público presente no evento também viu de perto a McLaren de 2024, adornada em verde e amarelo para o GP de Mônaco, em homenagem ao ídolo brasileiro.

“O Ayrton deixou um legado. Acho que uma das coisas mais importantes é isso. Ele deixou uma palavra de incentivo das pessoas para correr atrás dos seus sonhos, como ele fez. Quando vencia, falava que tinha todo mundo por trás, que era trabalho em equipe. Então, o quanto ele representava o Brasil, o quanto amava o país, falava que estava vencendo junto com os brasileiros. Simplesmente o que ele conseguiu e que continuou com ele, o legado dele, vai passar por várias gerações. Um piloto incrível, não apenas pelo que fazia nas pistas, mas fora dela também, disse Ludmila Duarte.

Para Rodrigo Araújo, não há dúvidas. “É incontestável. É claro que sempre tiveram grandes pilotos, mas por tudo que ele fez, a história que ele teve e em tão pouco tempo, ele é o maior de todos os tempos”, cravou.