Nesta quinta-feira (14), em São Januário, o presidente Pedrinho concedeu entrevista coletiva e falou sobre os próximos passos do Vasco em relação a uma possível venda da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do clube a um novo investidor. E revelou que a prioridade, de fato, é negociar a maior parte das ações do futebol.

O mandatário também citou que já existem conversas preliminares com possíveis investidores, que por conta de uma confidencialidade contratual, não podem ser revelados. Mas garantiu que não tem qualquer intenção de seguir no controle do futebol.

Pedrinho, entretanto, alertou que, enquanto essa venda não acontecer, é preciso uma reestruturação interna, sobretudo financeira, processo que já está sendo tocado no dia a dia pela atual gestão.

Em relação ao julgamento do recurso movido pela 777 Partners – agora controlada pela A-Cap -, no dia 27 de novembro, o ex-jogador tratou de tranquilizar, afirmando que, na verdade, o Vasco está resguardado judicialmente.

“Enquanto eu for presidente do Vasco, a minha intenção vai ser vender a SAF. A minha intenção (com ênfase) é vender. Vender é um outro processo. Não posso ficar sentado esperando um investidor, porque tenho contas a pagar e preciso fazer com que o clube ande. Tenho dívidas, tenho compromissos e preciso fazer uma reestruturação financeira. O torcedor tem todo direito de nunca mais querer ouvir a palavra reestruturação, porque ela já foi dita milhões de vezes e nunca foi feito nada. A medida cautelar que demos entrada é o início desse processo para que o Vasco seja autossuficiente. Isso não tem nada a ver com não querer vender a SAF. Eu preciso fazer com que o clube consiga pagar os salários, e depois da medida vamos ver o próximo passo”, começou por dizer.

“A associação não vai gerir o futebol se virar SAF. Isso é uma narrativa, vocês têm entendimento e têm que começar a entender o que é a história do clube. Por que eu falo sobre intenção de vender? Porque eu posso não encontrar um investidor. Aí eu vou ser cobrado porque eu falei que vou vender. Quando eu falo que tenho intenção de vender é porque eu quero vender. Eu vou conseguir? Vou ter um investidor? A gente está no mercado, atende todo mundo, algumas coisas são muito superficiais. A gente nunca vai pedir para o associativo ser majoritário. Primeiro porque a gente não tem esse desejo e, segundo, porque isso é uma maluquice. Ninguém vai investir milhões para outro mandar. E não é a minha intenção. Minha intenção é proteger a instituição com cláusulas de proteção”, prosseguiu.

“Existem alguns investidores, e eu tenho que tomar cuidado quando falo porque as pessoas acham que são negociações avançadas. Existem alguns e existem NDAs (sigla em inglês para acordos de confidencialidade) assinados desse início de conversa, que eu não vou chamar nem de negociação. Por meio desse acordo de confidencialidade, não posso falar quem são os investidores. O que posso falar é que já tem muito mais de um mês. Há conversas com mais de um investidor que são muito iniciais”, disse, antes de complementar.

“Tem um que já assinamos o acordo de confidencialidade e nem começamos a conversar. A conversa inicial é muito mais para você passar um diagnóstico, por isso há um acordo de confidencialidade, os números do clube. Essa conversa de conhecimento do que está acontecendo com o clube às vezes não consegue ser nem no primeiro dia, vão ser dois, três encontros só para mostrar a realidade. Se isso avançar, você vai para o segundo passo e começa a construir. Já houve investidores que estavam muito dentro (a favor do negócio) e não estão mais. Não por qualquer empecilho da gestão ou exigência. Simplesmente saíram. Não posso falar quem são os investidores pela questão do acordo de confidencialidade.”

O presidente cruzmaltino também revelou quais serão os critérios para negociar a SAF do clube com um novo investidor, e listou cada um dos itens.

“Tem alguns critérios óbvios para a gente alinhar com um investidor: credibilidade reconhecida, saúde financeira, planejamento esportivo financeiro com prazos para de cumprimento, estrutura de CT com prazo de cumprimento, porque a gente pode botar “gastar R$ 50 milhões no CT” e nunca gasta. A gente precisa ter garantias para proteger a instituição para não cometer o mesmo erro cometido com a 777. Na minha única conversa presencial com o Josh (Wander, sócio-majoritário da 777), pedi garantias do aporte de R$ 270 milhões, e ele disse que as garantias eram as próprias ações”, disse.

“Vou fazer uma analogia simples: você compra meu carro e me paga no final do mês, aí quando chega no final do mês você não tem dinheiro para me pagar e devolve o carro. Aí o carro está com os quatro pneus carecas, sem o IPVA pago, sem gasolina, batido, com farol apagado. Isso não é garantia. A 777 pegou o Vasco com uma dívida, maior do que foi divulgada, aportou os R$ 310 milhões e deixou uma dívida muito maior. Eu tenho a intenção de vender a Vasco SAF. Quando isso vai acontecer? Não sei. As pessoas acham que têm várias pessoas batendo na porta, oferecendo 40 trilhões de dólares, e eu falo ‘não quero, porque adoro poder e vou reestruturar o Vasco’. Mentira.”

“A A-CAP, pela legislação americana, não pode ser controladora de futebol. Ela não tem o desejo e, pela lei, nenhuma seguradora pode ser seguradora de futebol. As duas coisas não andam.”

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