Em entrevista ao podcast “Denílson Show‘, o lateral-direito Rafinha, do São Paulo, abriu o jogo sobre sua relação conturbada com a seleção brasileira.
Após atuar com grande destaque pelo Coritiba, entre 2002 e 2005, o ala construiu grande carreira na Europa, brilhando principalmente com as camisas de Schalke 04 e Bayern de Munique, da Alemanha.
No entanto, o jogador foi convocado pouquíssimas vezes para defender o Brasil, fazendo apenas quatro jogos pela seleção principal: um em 2008, um em 2014 e dois em 2017.
Além disso, Rafinha ainda defendeu a equipe canarinho nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, terminando com a medalha de bronze, após brigar nos bastidores com o Schalke para ser liberado.
Como nunca disputou um torneio oficial pela seleção principal, porém, o lateral poderia atuar por outro país, o que quase aconteceu, já que o técnico Joachim Löw desejava contar com ele na Alemanha.
No meio de tudo isso, o atleta foi convocado por Dunga para jogar pelo Brasil nas eliminatórias da Copa-2018. Irritado, ele recusou o chamado e acabou levando fortes broncas no Bayern.
“Depois da Copa de 2014, teve a situação da seleção da Alemanha, que o treinador [Joachim Löw] queria me convocar. E aí comecei a virar a chave, porque no Brasil eu não tinha oportunidade”, recordou.
“Aí o Dunga voltou para a seleção (brasileira) e me convocou para um jogo contra o Chile nas eliminatórias, em 2015. Eu não esperava. O (diretor de seleções) Gilmar Rinaldi me ligou e eu falei: ‘Me desculpe, mas eu não vou. Com todo o respeito a vocês, mas eu não me vejo disputando posição com ninguém’. Eu tinha que ter tido chance, era titular do Bayern de Munique”, bradou.
“Até o (então técnico do Bayern de Munique, Pep) Guardiola falou: ‘Rafa, tem certeza que vai fazer isso? É seleção brasileira’. Expliquei para ele que não era convocado, que só tinha sido chamado porque três (laterais) estavam machucados. Na época ele ficou contra mim, achou ruim”, relatou.
“O (Franz) Beckenbauer era presidente de honra do Bayern, me chamou e deu uma rasgada em mim (risos). Falou que me entendia, mas que eu tinha potencial para jogar a próxima Copa do Mundo”, completou Rafinha,.
Mágoa com Tite
Rafinha ainda assegura que jamais se arrependeu de ter dito “não” naquele momento à seleção brasileira e diz que lamenta a decisão de ter aceito o chamado do técnico Tite, em 2017.
Na ocasião, o ala foi convocado para amistosos contra Argentina e Austrália, na Oceania, e atravessou o mundo para jogar, mas não teve a sequência que desejava com a camisa canarinho.
Justamente por isso, o hoje jogador do São Paulo admite ter mágoa de Tite, já que o treinador teria lhe prometido que haveria mais oportunidades na lateral brasileira.
“Arrependimento zero (de ter recusado convocação em 2015). Eu me arrependi de ter voltado em 2017, porque o Tite me ligou, falou que ia me convocar para a seleção e queria me dar uma oportunidade porque eu estava jogando muito bem”, afirmou.
“Eu falei: ‘Professor, agradeço demais, só de você estar ligando para mim é uma vitória. Se vai me convocar ou não, problema seu. Eu quero sim jogar na seleção, mas desde que você me der uma sequência de dois ou três jogos. Senão, acho que não vale a pena ser convocado. Se me der essa oportunidade, vou continuar jogando, você não vai me tirar da seleção’. Aí ele falou que não me garantia a convocação, mas sabia do meu desejo”, citou.
“Aí em junho de 2017 ele me convoca, nas férias. Fazia uma semana que estava de férias, (convocação para um) jogo daqui uma semana, na Austrália… Olha que barca! Aí fui. Ele me coloca faltando quatro ou cinco minutos contra a Argentina e depois me põe contra a Austrália. Acabou, um mês depois vem convocação da seleção… Quem o Tite convoca? Fagner e Danilo”, reclamou.
“Eu pedi para ele me dar uma sequência, aí eu larguei. Pensei: ‘Não acredito que esse cara fez isso comigo’. Passaram dois meses, (veio) outra convocação, de novo (foram chamados) Fagner e Danilo. Nas entrevistas, ele [Tite] ficava alimentando, me dando esperança, e não me convocava”, lamentou.
“Tite sabe que tenho uma mágoa dele, porque faltou com a palavra comigo. Eu pedi para ele ser convocado só se acontecesse isso, mas ele não me convocou mais”, finalizou.
A partida contra a Austrália, em 13 de junho de 2017, acabou sendo a despedida de Rafinha da seleção brasileira.