O Racing tem pela frente uma partida que podemos considerar transcendental, neste sábado, para o clube. De fato, não é exagero dizer que este é o jogo mais importante dos últimos 32 anos de La Academia. E quem vai tentar transformar o sonho hermano em pesadelo é uma das grandes equipes do Brasil, o Cruzeiro, em Assunção. Tudo isso na decisão da CONMEBOL Sul-Americana, com transmissão ao vivo do Disney+.

Foi um longo caminho para o Racing até essa partida histórica. Foram mais de três décadas de falência. Chegou a ficar à beira do rebaixamento. Nos últimos anos, se reergueu para chegar a este momento emocionante. Seu último título internacional foi a Supercopa Sul-Americana de 1988, contra esse mesmo rival. Já faz tempo.

Embora a bagagem seja pesada, o Racing tem muitos argumentos para considerar que chegou a hora de quebrar essa sequência. A análise é da ESPN Argentina.

1) Uma coluna vertebral bem construída

A equipe tem qualidade e segurança em posições-chave. Em primeiro lugar, no gol, com Gabriel Arias, que foi questionado em alguns momentos de sua carreira no Racing, mas foi decisivo para levar a equipe à partida decisiva. Suas defesas em momentos importantes na partida contra o Corinthians fizeram dele a estrela da série.

A linha defensiva, com o jovem Marco Di Cesare (22 anos), às vezes acompanhado por García Basso, que traz sua experiência nesse tipo de jogo, como fez no Independiente del Valle, é um excelente complemento.

O meio-campo é forte. Em primeiro lugar, Santiago Sosa, que sabe como cobrir as lacunas e preencher os espaços, além de fornecer à equipe uma saída como pivô. E Nardoni e Almendra, que cumprem suas tarefas para acompanhá-lo, defensiva e ofensivamente.

E, na frente, Maravilla Martínez é imprescindível. No melhor momento de sua carreira, o “9”, que chegou quase como uma aposta ao Racing, tem estado no topo de seu jogo. E ele mostrou muita habilidade para aparecer em momentos difíceis para La Academia e se tornar o artilheiro dessa competição.

2) Coragem e poder ofensivo, suas grandes virtudes

Gustavo Costas, atual técnico do Racing, foi questionado no início, mas acertou o passo após a saída de Fernando Gago em dezembro de 2023. E desde o início ele deixou clara a necessidade de lutar por um torneio internacional com a equipe argentina.

Enquanto o time tentava se classificar para as finais da Copa da Liga, algo que não conseguiu na primeira metade da temporada, o técnico dobrou as apostas. “Conseguir algo com o Racing e mais a Sul-Americana seria uma coisa linda. Temos de trabalhar duro. Sei que vai ser muito difícil, mas tenho muita fé”, disse ele em uma entrevista à ESPN.

O trabalho valeu a pena. O Racing é uma equipe que sabe como se recuperar de situações adversas. Tem sido capaz de superar resultados negativos, como nas séries com Athletico-PR e Corinthians. Na primeira, eles voltaram do Brasil com uma desvantagem de 0 a 1, mas venceram por 2 a 1 na volta. Na segunda, ficaram duas vezes atrás do placar, perdendo por 2 a 1 no Brasil, e conseguiram empatar. Depois disso, começaram perdendo por 1 a 0 no Cilindro e venceram por 2 a 1.

Isso mostra sua coragem de sempre atacar. É aí que reside outra de suas virtudes: o poder ofensivo. O Racing é o time que mais fez gols na Sul-Americana, com 30 em 12 jogos (uma média de 2,5 gols por jogo). É também a equipe com mais chutes a gol e a terceira com mais chutes totais. Para contextualizar sua grande campanha ofensiva, é também a equipe que marcou mais gols em uma única edição desse torneio.

Isso não é tudo: em casa, eles estão lutando pela liderança, apenas alguns pontos atrás do líder Vélez, o que mostra a consistência da equipe. A única (grande) pedra no sapato foi a eliminação na Copa Argentina contra o Talleres. Apesar da derrota, conseguiu se recuperar nas outras competições. E personalidade não é uma qualidade que se possa comprar no supermercado.

3) Jogadores que conhecem o DNA do Racing ou se identificam com ele

O Racing tem vários jogadores em seu elenco que são muito identificados, para o bem ou para o mal, com o clube. Arias chegou em 2018 à instituição, portanto, sabe perfeitamente o que é vestir a camisa do clube (e ele é o capitão por um motivo).

Depois, embora com menos experiência, há Gabriel Rojas (2023), Nardoni (idem), Almendra – o jogador que deixou o Boca e, assim que pôs os pés em Avellaneda, disse que agora estava “em casa” – e Maravilla, que encontrou seu lugar no mundo depois de uma história de vida complicada, na qual chegou ao futebol sem ter jogado nas ligas inferiores e teve uma breve passagem pela prisão.

Mas há mais: Juanfer Quintero, por exemplo, teve a chance de se redimir após deixar o River e mostrar que ainda tinha capacidade de jogar no futebol argentino e defender a seleção colombiana Maxi Salas é outro dos que explodiram na Academia; e a dupla Di Cesare e Martirena está aproveitando ao máximo sua primeira oportunidade em um time grande.

Pelo histórico, há vários argumentos para que os jogadores que costumam jogar com Costas se identifiquem com seus companheiros de equipe e com o clube.

4) O futebol de Juan Fernando Quintero

Questionado desde sua chegada ao Racing por falta de minutos ou mesmo pouca relevância, Juan Fernando Quintero tomou para si a responsabilidade de assumir o papel de protagonista no epílogo da temporada da equipe de Gustavo Costas. A fase do colombiano melhorou nas últimas semanas, com dois gols que levaram o clube argentino à final da Copa Sul-Americana. Teve também um gol incrível aos 4 minutos do segundo tempo em uma cobrança de falta contra o Independiente Rivadavia, para confirmar a classificação da equipe de Avellaneda para o Torneio da Liga.

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A promessa de Matheus Henrique se o Cruzeiro for campeão da Sul-Americana

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Os torcedores de La Academia, antes disso tudo, não estavam tão satisfeitos com o desempenho de Juanfer, tanto que ele só foi de fato aplaudido pela primeira vez no mesmo dia em que marcou dois gols para garantir uma vaga na final da CONMEBOL Sul-Americana.

Juan Fernando Quintero tem se fortalecido cada vez mais e está correspondendo às expectativas que gerou quando chegou ao clube em meados de 2023. Apesar de não ter desempenhado um papel importante na Copa Libertadores, onde o Racing foi eliminado pelo Boca Juniors nas quartas de final, o colombiano está desfrutando de sua vingança internacional na Sul-Americana.

Ele é uma das razões pelas quais o Racing deve estar empolgado? Sim. Porque o camisa 8 da Academia foi fundamental na consagração do River Plate na CONMEBOL Libertadores de 2018 com um gol incrível na final, embora nem todo o seu futebol seja reconhecido por isto, mas por sua capacidade de tomar a bola nos momentos mais quentes e procurar seu companheiro de equipe melhor posicionado para machucar o Cruzeiro. Ele também se destaca por suas infiltrações surpresa, quase como se tivesse um mapa do campo de jogo dentro do cérebro.

Além disso, tem a experiência de ter participado de duas Copas do Mundo (2014 e 2018). A pressão não é um problema para Quintero, pelo contrário, ele se identifica como um daqueles jogadores que escolhem essas circunstâncias para expor toda a sua qualidade, como mostrou na volta contra o Corinthians.

5) La Nueva Olla promete ser o Cilindro

O estádio do Cerro Porteño, palco da final da Copa Sul-Americana, tem capacidade para 45.000 pessoas. E estima-se que os torcedores do Racing serão maioria.

O Cilindro tem capacidade para 55 mil pessoas, portanto, em relação às quantidades, não será o mesmo, mas acredita-se que a Academia superará os 30 mil torcedores presentes em Assunção, um contexto que pode fazer com que os homens de Gustavo Costas se sintam em casa, bem como um contexto não tão amigável para o time de Fernando Diniz.

Em 2019, na ocasião anterior em que a Sul-Americana foi disputada em La Nueva Olla, essa situação não foi favorável para o Colón de Santa Fé, que era maioria nas arquibancadas na final contra o Independiente del Valle e saiu de mãos vazias. No entanto, a vantagem de jogar em casa da Academia pesou muito no decorrer dessa competição internacional, como demonstrado na última partida disputada em Avellaneda, com a recepção espetacular (apesar de ter sido sancionada posteriormente) preparada pelos torcedores.

*Tradução por ESPN.com.br

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