O Corinthians comemora neste 14 de janeiro uma data especial em sua história. Há 25 anos, em um Maracanã literalmente dividido, o Timão superou o Vasco nos pênaltis e sagrou-se campeão mundial pela primeira vez na história.
O torneio, que abriu caminho para um novo formato criado pela Fifa, reuniu pela primeira vez representantes de todas as confederações na disputa pelo título. Campeão brasileiro em 1998 e 1999, o Timão foi escolhido como representante do país-sede e caiu no grupo do Real Madrid. Do outro lado, as potências eram Vasco e o Manchester United.
Com jogos no Morumbis e no Maracanã, no escaldante verão brasileiro, era de se esperar que os brasileiros até tivessem vantagem, embora Corinthians e Vasco chegassem arrebentados de uma temporada, enquanto United e Real Madrid estavam no meio de suas disputas na Europa.
Quem estava em campo lembra com carinho da campanha. Grande ídolo da Fiel e referência do time que encantara o Brasil nos meses anteriores, Marcelinho Carioca lembrou, em entrevista exclusiva à ESPN, momentos da conquista do Mundial de Clubes.
Liderado por um elenco com estrelas como Rincón, Vampeta, Ricardinho, Edilson, Luizão e Dida, além do próprio Marcelinho, o Corinthians estreou com vitória por 2 a 0 sobre o Raja Casablanca, do Marrocos. Na sequência, no confronto que decidiria a liderança do grupo, encarou o Real Madrid.
Anelka colocou os espanhóis à frente, mas Edilson empatou ainda no primeiro tempo. A virada saiu no gol mais marcante daquele Mundial, quando o mesmo Edilson deu uma caneta em Karembeu para explodir as redes de Casillas. Anelka, porém, voltou a empatar o jogo em 2 a 2.
“O Real Madrid era um timaço. Só jogadores de representatividade do seu país. Muita gente falava que o Real Madrid estava de férias, que não ia querer jogar. De maneira nenhuma! Eles estavam muito sérios, mas o Corinthians jogou de igual para igual, tivemos a oportunidade de vencer o jogo, sofremos os gols e tivemos forças e competência para reagir. O time jogava por música”, lembrou o Pé de Anjo.
A classificação veio com vitória por 2 a 0 sobre o Al Nassr, à época bem diferente do time que hoje tem Cristiano Ronaldo. Ricardinho e Rincón fizeram os gols no Morumbis, que colocaram o Timão na final contra o Vasco, líder da outra chave e também em fase iluminada, graças sobretudo à dupla Edmundo e Romário.
Marcelinho conta que o Corinthians chegou em frangalhos fisicamente para a decisão no Maracanã, naquele 14 de janeiro de 2000. Mas o ambiente entre os jogadores no vestiário animou o elenco para a disputa do título.
“Lembro de momentos em que a gente estava trocando de roupa no vestiário, eu, Vampeta, Rincón, e percebemos que a galera estava cansada. Eu e o Rincón estávamos com lesão, mas a gente falou que ia para o pau. A gente colocou uma cocheira, não fizemos nada, infiltração não adiantava”, disse o ex-camisa 7.
“Quando a gente olhou o anel do Maracanã e vimos a galera gritando, a gente falou: ‘Vamos deixar tudo em campo, dividir de cabeça e buscar esse título tão sonhado para o Corinthians’. No primeiro lance, o Adilson deu uma no Edmundo, depois o Fábio Luciano deu no Romário e disseram: ‘Aqui está resolvido, agora vocês resolvem'”, contou o ídolo corintiano.
Outro momento emocionante no vestiário do Maracanã aconteceu entre dois desafetos públicos daquele time. Rincón e Edilson acumularam brigas ao longo dos anos no Corinthians, mas se uniram em prol do coletivo naquela noite.
“Edilson e Rincón não se falavam há muitos anos. Então, num jogo do Brasileiro do ano anterior, Edílson teve uma atitude nobre de chamar ele para conversar e fazer as pazes. Em 2000, antecedendo aquela partida, o Freddy (Rincón) chamou todo mundo e abraçou o Edilson. Aquilo comoveu todo mundo. O Rincón depois disse: ‘Nossos problemas extracampo não entram aqui. Antes você mostrou honra e agora estou retribuindo'”.
A história teve final feliz para o Timão. Após empate sem gols no tempo normal e na prorrogação, o título mundial foi decidido nos pênaltis. Marcelinho errou a última cobrança do Corinthians, mas Gilberto e Edmundo perderam para o Vasco e deram o Mundial para o lado paulista.