Neymar pode voltar a jogar pelo Santos. Sinônimo de algo quase utópico na última década, a frase virou um sonho mais próximo da realidade nos últimos dias. Muito por conta do desejo do atleta e, principalmente, de seu pai — figura central nas tomadas de decisão em tudo que envolve a carreira do craque. O pai do jogador, inclusive, não esconde de pessoas do seu círculo mais próximo a ansiedade com o caso e o desejo de que um capítulo decisivo sobre um retorno do futebol brasileiro ocorra o quanto antes.
As mensagens aos profissionais que o cercam e cuidam dos contratos de seu filho são diárias. Com um tom que mistura pressa e cobrança, Neymar Pai quer saber daqueles que têm linha direta com os cartolas sauditas do Al Hilal atualizações sobre os cenários que levariam a uma rescisão contratual com o atual time do atacante.
As vontades de pai, filho e Santos, no entanto, ainda esbarram na calmaria da parte que decidirá a negociação: o time que tem Neymar sob contrato até o final do Mundial de Clubes deste ano.
Enquanto um lado tenta resolver as coisas “nas próximas horas” e sonha com o retorno de um ídolo para um breve período de meses que seja, o outro lembra de um projeto de Governo que foi desenhado para só terminar na Copa do Mundo de 2034.
Neymar Pai já sinalizou ao presidente do Santos, Marcelo Teixeira, que o acerto com o Santos até a metade desta temporada seria algo praticamente automático em caso de rescisão com os árabes. Nem mesmo o sempre delicado debate de modelo de pagamento seria um entrave ao acordo. A ideia do acordo já até festejado é ganhar tempo e acelerar qualquer discussão futura que poderia surgir.
Mas há o outro lado neste jogo de xadrez e paciência –- como os envolvidos definem.
O Al Hilal não se preocupa com o tempo. Quietos e cientes de que qualquer decisão que aponte o futuro de Neymar fora dali cabe exclusivamente ao clube, os dirigentes sauditas fazem poucos movimentos na direção do agente e dos advogados do brasileiro e ainda entendem como o atacante se encaixa num plano futuro.
Além dos debates intramuros do clube, os cartolas conversam com representantes do Fundo de Investimentos Públicos (PIF, na sigla em inglês) –- grupo que controla os recursos e orienta negociações de Al Nassr, Al Ittihad e Al Ahli, além do Hilal. São eles os grandes entusiastas e financiadores do projeto que tem Neymar como embaixador e um dos rostos da campanha do governo da Arábia Saudita de dar visibilidade à sua liga e fortalecer o futebol no país até a Copa do Mundo de 2034.
Se o técnico Jorge Jesus e parte de sua comissão não tratam Neymar como prioridade, abrem mão do jogador na liga local e só pretendem utilizá-los nos poucos jogos da copa nacional, da Champions League da Ásia e, talvez, no Mundial de Clubes, o mesmo não se pode dizer daqueles que dão a palavra final sobre o dinheiro que jorra no contrato bilionário do atacante brasileiro.
Mesmo com dúvidas sobre a real condição física e técnica de Neymar nos próximos meses, os dirigentes ainda não fizeram qualquer sinalização sobre renunciar a sua imagem sem uma compensação financeira. O jogador, por sua vez, também não pretende deixar de lado os 65 milhões de dólares que tem a receber pelos seis meses de contrato neste ano. Com muita vontade de santistas e estafe do atleta de um lado e, ao mesmo tempo, muitas cifras e dúvidas do outro, a negociação se arrasta.
Mesmo pressionados pela ansiedade de Neymar Pai, os representantes legais do atleta que têm linha direta com o Al Hilal entendem que uma nova movimentação de conversa na negociação viria do clube saudita. Até a noite da última quarta-feira (22), nada havia ocorrido neste sentido. Entende-se que é o time atual do craque quem determinará a direção dos próximos capítulo da novela.
Neymar Pai, assim como a torcida do Santos, tem pressa -– e vontade de ver o filho no futebol brasileiro. O jogador também. O estafe, no entanto, ainda adota tom cauteloso. Mesmo acreditando que a frase do início desse texto possa ser realidade, admite que ela também pode demorar a ser dita. “Por cima” na negociação, os sauditas ainda calculam os gastos, possíveis prejuízos e próximos movimentos.
Próximos jogos do Santos:
Velo Clube (F) – 25/01, 18h30 (de Brasília) – Paulistão
São Bernardo (F) – 29/01, 18h30 (de Brasília) – Paulistão