Técnico do Flamengo, Filipe Luís foi mais um a se posicionar sobre a discussão entre o gramado natural e o sintético. Em coletiva após goleada sobre o Maricá, pelo Campeonato Carioca, o comandante rubro-negro deu a sua opinião e citou Abel Ferreira, treinador do Palmeiras.
Durante a entrevista no Maracanã, Filipe lembrou do longo pronunciamento do técnico português do Palmeiras, na última quinta-feira (20), após vitória sobre o Botafogo-SP no Paulistão.
E o técnico do Flamengo disse concordar com Abel, mas acrescentou mais um detalhe ao que foi dito pelo treinador alviverde.
“Esse assunto é muito bom. Primeiro queria começar falando que é muito importante que os jogadores fiquem unidos, eles não tem noção real do poder que os jogadores têm, porque o futebol é dos jogadores. Vi a entrevista do treinador do Palmeiras, o Abel, e eu concordo em tudo o que ele falou. Foi a primeira pessoa talvez que não colocou a política no meio, foi super sincero. Porque realmente, se eu jogo no Botafogo tenho que defender o sintético, se eu jogo no São Paulo tenho que criticar o sintético. Não, cada um tem sua opinião e ele foi verdadeiro no que ele disse”, começou por dizer.
“Eu penso o seguinte. Série A tem que ser regulamentado, tem que ter exigências para ter gramados naturais e bons. Tem que ter multa se o gramado não for bom. Tem que ser uma exigência. O que eu mais vejo no Brasil são desculpas, pelo clima, pelo não sei o que. Na Arábia faz um calor de 50 graus e o gramado é um tapete. É investimento. O que eu vejo também é que tem muita gente que fala, mas poucas pessoas têm coragem de bater de frente e fazer acontecer. O Brasil cresce a passos lentos porque falta gente que tome essas decisões, que sejam mais agressivos com essas decisões e sejam mais certeiros com esse assunto do gramado”, prosseguiu.
“Vou dar minha opinião, porque o Abel não passou por uma coisa que eu passei, que foi o Sub-17 do Flamengo. Ele tem uma razão muito grande. Para jogar nos campos que o Sub-17 do Flamengo joga, no Campeonato Carioca, ou no Sub-20, é melhor sintético. Não tenho nenhuma dúvida. O que adianta preparar um plano de jogo, preparar uma semana a saída de bola com o goleiro, para chegar a um gramado que a bola não anda, onde os jogadores não conseguem correr, não é humano. Pra isso, melhor botar sintético. Agora, clubes com condições, pra vender o produto pra fora do país, sim, grama natural. Todo mundo prefere, não tenho dúvidas. Os jogadores do Palmeiras preferem, os jogadores do Botafogo preferem.”
“Só vou somar uma coisa no que o Abel falou. Ele disse que só tem um gramado top, eu acho que tem mais. Tem o Inter, o melhor gramado do Brasil é o do Corinthians, do São Paulo é muito bom, do Juventude é muito bom, do Coritiba é muito bom. A Vila Belmiro já peguei boa e ruim também. O que a gente precisa é regulamentar e fazer um alto investimento no gramado, aí sim vai ficar bom pra todo mundo. Porque na Espanha eu peguei gramados ruins, até chegar um presidente da LALIGA e obrigar todo mundo a colocar um gramado ruim. E encher os estádios. É obrigatório encher o estádio. Então se virem os clubes, se não são multados”, disse, antes de finalizar o longo discurso.
“O que eu sinto no Brasil é isso. Nós vamos vendo o que os outros países vão fazendo e a passos lentos vamos mudando. Já mudou muita coisa desde que eu cheguei, mas ainda estamos atrás. É evidente. E somente pessoas com coragem para tomar decisões agressivas.”
No Maracanã, o Flamengo, já classificado, goleou o Maricá por 5 a 0 e conquistou o título simbólico da Taça Guanabara, a primeira fase do Campeonato Carioca.