O Flamengo tem a melhor defesa do futebol brasileiro na temporada de 2025. E muito do sucesso do setor passa por um nome: Léo Pereira. Se hoje o camisa 4 vive o seu melhor momento da carreira, a resiliência foi o grande combustível para alcançar o status de absoluto e líder do time rubro-negro.
“É um momento que eu sempre planejei. Desde quando entrei no Flamengo, tinha em mente conseguir números expressivos pelo clube e me consolidar como titular. Esse ano está sendo o melhor ano da minha carreira em relação a minutos e jogos. Me sinto muito honrado em poder formar essa defesa”, disse Léo, em entrevista exclusiva à ESPN.
Mas para colher os frutos de uma titularidade absoluta por quatro temporadas seguidas, Léo Pereira teve que lidar com muitas críticas. Contratado em 2020 logo após aquele ano mágico de 2019, ele chegou para substituir Pablo Marí, titular da equipe de Jorge Jesus e que era idolatrado pela torcida rubro-negra.
Apesar de ter conquistado três troféus em meia temporada no Flamengo, Léo viu a chance de fazer história no clube quase ir para o ralo. Além de ter quase saído algumas vezes, ele foi constantemente bombardeado nas redes sociais e sofreu com vaias da torcida. Para dar a volta por cima, foi necessário ter muita resiliência.
“Quando eu chego do Athletico-PR, chego com uma expectativa muito grande de substituir um jogador (Marí) que vinha de um ano mágico. Estava preparado para isso, tanto é que quando eu chego com Jorge Jesus a gente ganha títulos logo no início, depois quando ele sai é que os problemas vêm. A equipe não se encaixa com o novo técnico (Doménec Torrent) e acabou que eu também cometi alguns erros naquele início. Sobrou mais para mim, o novato. Mas está tudo certo, foi parte importante do processo, importante para o meu crescimento como pessoa e como jogador também”.
“Entender que eu estava chegando em um clube que tem uma pressão muito maior do que os demais do Brasil, até do clube que eu estava. Foi o processo que tive que passar ali no começo para que pudesse me tornar o Léo Pereira que sou hoje e pudesse dar a volta por cima”, recorda o zagueiro.
Desde então, Léo Pereira foi vendo a concorrência aumentar. Nomes como Bruno Viana, David Luiz e Pablo foram contratados no período em que o camisa 4 quase deixou o Rio de Janeiro. Para tirar forças na busca para recuperar o espaço, foi no trabalho que Léo Pereira se apegou, sem se esquecer, é claro do lado mental.
“Para mim, nunca foi um problema trabalhar, treinar e me dedicar em campo. Mas eu tive que trabalhar a parte mental, porque a gente costuma falar no futebol que a gente precisa estar pronto para a oportunidade. E a gente pensa que é só a parte técnica, tática e física, e não é. A gente tem que estar com o mental muito forte, preparado para qualquer cenário da partida”, conta Léo, admitindo que a questão psicológica ainda precisava estar completamente dominada no clube.
“Naquele momento eu não estava preparado mentalmente, e tive que buscar uma evolução dentro disso. Saber que iria errar em outras partidas, como erro até hoje, mas entender que aquilo não poderia influenciar o meu jogo. Também saber separar que existe o Léo Pereira e o Leonardo. Tem uma entrevista do [Raphael] Veiga em que ele fala que futebol é só uma parte da vida dele, e realmente é mais ou menos por esse caminho. A gente tem que se preparar, estar pronto para qualquer cenário, e isso passa muito pela parte mental”, completa o zagueiro, mandando um recado para aquele Léo de 2020.
“Falaria para ele trabalhar a parte mental. Foi o que eu fiz, foi importante, foi uma virada de chave na minha vida. Graças a Deus tive outras oportunidades com outros treinadores e estava mais preparado fisicamente e mentalmente”, resumiu.
Titular absoluto e um dos líderes do elenco
Depois se firmar como titular, sendo campeão da CONMEBOL Libertadores e da Copa do Brasil de 2022, Léo fincava sua bandeira no clube. A partir daquele momento, era partir para outro desafio. De ser uma referência no elenco.
Do novado de 2020 ao experiente de 2025, o camisa 4 é um dos mais respeitados do grupo. De tempo de casa, apenas dois nomês estão à frente: Arrascaeta e Bruno Henrique – além do técnico Filipe Luís e do auxiliar Rodrigo Caio, também titulares daquele histórico time de 2019.
Pouco a pouco, Léo Pereira foi se tornando a referência para os mais novos e um homem de confiança dos treinadores. Para Filipe, inclusive, é praticamente impossível armar um Flamengo sem Léo Pereira. O jogador faz parte do grupo que ‘joga todas’ e vê o treinador como um exemplo para se tornar um nome histórico no clube.
“A gente tem líderes no grupo aqui, o Danilo é um, o Léo (Ortiz) é outra referência. O Filipe Luís é uma referência também, o cara sair da Europa e vir para o Flamengo num momento que era inesperado”, conta Léo, exaltando também a dupla que forma com Léo Ortiz, ‘os 10 da zaga’, pela qualidade de ambos na saída de bola.
“Eu acho que são características que a gente já tinha. O Léo (Ortiz) já atuou como volante, então você precisa ter um passe mais apurado ali no meio. Eu também já atuei como volante, lateral, e acaba sendo uma característica nossa. A prioridade é desarmar, defender, evitar gols”.
“Mas no futebol de hoje em dia você também tem que aprimorar essa parte técnico para que você possa construir e fazer com que a bola chegue no ataque um pouco mais redonda, com mais qualidade. Antigamente você via muito lançamento da parte defensiva. Hoje em dia você vê um jogo mais construído desde a fase defensiva, desde o goleiro. Você vê o Rossi, por exemplo, com um passe muito qualificado”.
“É uma parceria que deu muito certo, acho que a gente tem uma conexão muito boa, e isso faz diferença dentro de campo. A gente é amigo fora de campo também, então a gente tem uma intimidade a mais e conversa muito mais também. Sobre vários assuntos, não só sobre futebol. Ele fala muito sobre futebol americano, que ele gosta, eu trago mais coisas do basquete, que é mais a área que eu gosto”.
“É uma conexão que faz a diferença, a gente está na mesma frequência ali para que a gente possa agregar na defesa e fazer aquilo que o Filipe Luís pede. Tem sido muito importante essa parceria”, completou.
Para finalizar, enquanto Léo busca o bicampeonato, o Flamengo pode ser o primeiro tetra da Libertadores. E é nessa missão que o jogador se apega para subir mais degraus na galeria de ídolos do clube.
“É um privilégio muito grande ser o primeiro tetra, quem sabe, da Libertadores. A gente está preparado. Nós falamos muito sobre o nosso ano, um ano consistente, em que temos a melhor defesa e o melhor ataque. Acho que a nossa equipe está muito bem equilibrada. Final é um jogo único, um jogo que você tem que estar muito concentrado e tem que estar com o mental muito forte para qualquer cenário”, finalizou.
Onde assistir a Palmeiras x Flamengo?
Você acompanha Palmeiras x Flamengo pela final da CONMEBOL Libertadores, neste sábado (29), a partir das 18h (de Brasília), com transmissão do Disney+.
Brasil
México
Argentina
Perú
Chile