O Botafogo recebeu um duro revés nesta terça-feira (9): o clube foi condenado pela Corte Arbitral do Esporte (CAS) a pagar US$ 21 milhões (R$ 114 milhões) ao Atlanta United, pela contratação de Thiago Almada. A decisão confirma o entendimento da Fifa, que já havia determinado o pagamento integral após a falta de quitação das primeiras parcelas do acordo. Caso o valor não seja pago dentro do prazo, o Alvinegro corre risco real de sofrer transfer ban — punição que impede o registro de novos jogadores.

A cobrança foi iniciada em novembro de 2024, quatro meses depois de Almada chegar ao Rio. Segundo documentos apresentados à Fifa, o Botafogo não pagou as parcelas previstas para julho e setembro daquele ano — algo admitido publicamente pelo clube em junho de 2025. O meia argentino brilhou em sua curta passagem, conquistando Brasileirão e CONMEBOL Libertadores, antes de seguir para o Lyon, clube da rede multi-clubes de John Textor, e posteriormente ser vendido ao Atlético de Madrid.

Inicialmente, a Fifa exigiu o pagamento total dos 21 milhões de dólares. O Botafogo recorreu e tentou reduzir a cobrança, argumentando que somente 6 milhões de dólares — referentes às duas parcelas vencidas à época da reclamação — deveriam ser exigidos. A audiência do recurso ocorreu em outubro, de forma on-line, mas o CAS manteve a condenação integral.

O Alvinegro afirma que o acordo fechado em junho de 2024 previa que o pagamento seria dividido ao longo de quatro anos, e não até junho de 2026, como argumenta o Atlanta. A defesa alvinegra também apontou que um fator externo quase inviabilizou a transação: pela legislação da MLS, Almada tinha direito a 10% da venda.

O Atlanta exigiu que o jogador abrisse mão desse valor — algo rejeitado pelos advogados do atleta. A solução encontrada foi que a Eagle Football compraria esse crédito de Almada por 2,1 milhões de dólares, para posteriormente buscar ressarcimento da MLS.

A partir daí, surgiram divergências, com o Botafogo cobrando os 10% na Justiça americana, afirmando que há débito da MLS/Atlanta com o clube, além de alegar ao CAS que a cobrança seria incompleta. Já o Atlanta cobra o pagamento integral na Fifa, argumentando inadimplência do Alvinegro.

Em nota oficial, o clube confirmou a decisão e disse que seguirá adotando medidas legais cabíveis. No comunicado, o Botafogo enfatiza que John Textor já apresentou propostas para financiar a quitação de todas as pendências na Fifa, além dos investimentos previstos para a janela de janeiro e para a temporada 2026.

Segundo a SAF, Textor possui “recursos totalmente garantidos”, mas ainda depende da aprovação dos demais sócios da Eagle Football Holdings.

A condenação coloca pressão imediata sobre o Botafogo. Caso o pagamento não seja feito conforme determinado pela Fifa, o clube pode sofrer transfer ban, o que atingiria diretamente o planejamento da próxima temporada.

Nota oficial do Botafogo:

“O Botafogo, representado pelo escritório de advocacia Bichara e Motta Advogados, recebeu nesta terça-feira (09/12) a decisão arbitral proferida pela Corte Arbitral do Esporte (CAS), que condena o Clube ao pagamento da integralidade dos valores envolvidos na transferência do jogador Thiago Almada, junto ao Atlanta United, dos Estados Unidos.

Mantendo seu compromisso de transparência com seus torcedores, o Clube informa que continuará adotando todas as medidas legais cabíveis no caso.

Cabe destacar que John Textor, acionista majoritário da SAF Botafogo, apresentou propostas de financiamento aos demais sócios da Eagle Football Holdings para cobrir o pagamento de todas as pendências existentes do Botafogo junto à FIFA, bem como o orçamento para contratações de jogadores na janela de transferências de janeiro e para o restante da temporada de 2026. Textor possui recursos totalmente garantidos para esses itens e espera obter a cooperação e a aprovação desses orçamentos por parte de um conselho da Eagle amistoso e cooperativo.”