A fortíssima declaração dada por Vinicius Jr. sobre o racismo na Espanha continua repercutindo. Em entrevista à CNN, o brasileiro afirmou que o país europeu deveria perder o direito de sediar a Copa do Mundo de 2030 se não conseguir avançar no combate à mazela.
Após o prefeito de Madri rebater o atacante, De La Fuente, técnico da seleção, e Carvajal, companheiro de Vini Jr. no Real Madrid, também se posicionaram contra a fala do camisa 7.
”A Espanha não é racista. A Espanha é um exemplo de coexistência, respeito e integração. É um exemplo para o qual muitas pessoas deveriam olhar. Há sempre alguns indesejáveis? Claro… Mas a Espanha não é racista, é um país que muitos outros países deveriam olhar. A Espanha sediar a Copa do Mundo com Marrocos e Portugal será algo único”, garantiu o treinador espanhol.
”Diria apenas que nós, companheiros de equipe [do Vinicius Jr.], os jogadores, o técnico, somos contra qualquer incidente racista nos estádios. Eu sei o que Vini sofre. A LALIGA tem protocolos para que as pessoas que vão aos estádios para insultar as pessoas pela cor da sua pele não possam participar de eventos esportivos. Mas, além desse pequeno grupo de pessoas, não acho que a Espanha não mereça sediar o Mundial”, disse o lateral.
”A Espanha tem uma diversidade cultural enorme, há muitas culturas vivendo em nosso país, para mim, desde pequeno, convivi com muitas nacionalidades diferentes no meu bairro em Leganés. A Espanha não é um país racista”, completou Carvajal.
A questão do racismo no futebol espanhol recebeu atenção mundial quando Vinicius Jr. foi insultado por torcedores no estádio Mestalla, em Valência, em maio de 2023.
No mês passado, a ESPN informou que o brasileiro, que tem contrato com o Madrid até 2027, estava considerando uma proposta para se transferir para a Arábia Saudita, mas adiou a decisão final para a próxima temporada.
O que Vinicius Jr. disse
Vinicius Junior tem enfrentado frequentes insultos racistas de torcedores rivais e causou um furor na Espanha nesta terça ao afirmar que o país deveria perder o direito de sediar o Mundial de 2030 caso não avance na questão do combate ao racismo.
“Até 2030, temos muito espaço para evoluir. Espero que a Espanha possa evoluir e entender o quão sério é insultar alguém pela cor da pele. Se até 2030 as coisas não melhorarem, acho que temos que mudar de local. Se um jogador não se sente confortável e seguro jogando em um país onde pode sofrer racismo, é um pouco difícil”.
Os comentários geraram debate na mídia espanhola, com veículos argumentando que Vinicius havia caracterizado erroneamente o país como racista.
“Me dói que Vinícius nos coloque no mesmo patamar”, disse o ex-goleiro do Real Madrid e da Espanha, Paco Buyo, no programa de TV El Chiringuito.
O brasileiro, no entanto, deixou claro na entrevista que seus comentários eram direcionados a uma minoria de torcedores.
“Há muitas pessoas na Espanha, e a maioria que não são racistas”, disse ele. “É um pequeno grupo que acaba afetando a imagem de um país que é bom para se viver. Amo jogar pelo Real Madrid. Amo a Espanha, ter as melhores condições para viver aqui com minha família”.
“Esperamos que as coisas possam evoluir. Elas já evoluíram, mas podem evoluir muito mais. Para 2030, os incidentes racistas e o racismo devem diminuir”.