O Arsenal terminou apenas dois pontos atrás do Manchester City na temporada passada. Mais uma vez ficou provado que, para superar nos pontos corridos o poderoso time de Guardiola, é preciso somar pelo menos 90 pontos (o “Tubarão” azul de Manchester terminou com 91).
Mas imagine se o primeiro tetracampeão genuíno da Inglaterra tivesse perdido no tapetão oito pontos, como aconteceu com o Everton, ou mesmo quatro pontos, como ocorreu com o Nottingham Forest. Esses dois clubes acabaram escapando do rebaixamento mesmo com pontuação reduzida por infringir regras, mas, se o mesmo tivesse acontecido com o City, o clube dominante na Inglaterra ficaria sem o título, sem conseguir assim o inédito tetra em seu país.
Ao que parece, nesta temporada haverá, sim, punições mais severas para o bicho-papão da Premier League nos últimos anos. As acusações feitas ao time do City Football Group Limited (grupo bancado majoritariamente pelo Sheikh Mansour bin Zayed Al Nahyan, membro da família real e vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos) são mais graves do que as que castigaram Everton e Nottingham Forest. E são bem antigas também.
O movimento por justiça está acelerando mais o processo agora para que as punições ao City aconteçam ainda nesta temporada, que começou nesta sexta-feira dia 16. Isso anima ainda mais quem está na briga pelo título da Premier League e joga mais luzes sobre o Arsenal, que vem batendo na trave recentemente.
Arteta continua à frente do Arsenal, o que dá uma certa vantagem sobre alguns adversários que tiveram troca de comando, caso do Liverpool, agora dirigido por Arne Slot (a ausência de Jürgen Klopp é a notícia mais triste desta edição da Premier League). Apenas cinco equipes que estão na competição começam a temporada com um novo treinador: além dos Reds, chegam com comandante diferente o Brighton (Fabian Hürzeler), o Chelsea (Enzo Maresca), o Leicester City (Steve Cooper) e o West Ham (Julen Lopetegui). Há técnicos de 12 nacionalidades diferentes, sendo que a maioria são espanhóis (cinco). São apenas três treinadores ingleses na liga nacional mais badalada do mundo, prova de sua globalização, algo que se vê também nos capitães dos times (11 não nasceram na Inglaterra). O Manchester United, maior campeão nacional com 20 taças, abriu na sexta-feira o campeonato com uma vitória suada no fim por 1 a 0 sobre o Fulham, gol do atacante holandês Zirkzee, autor do primeiro tento desta temporada.
Os “novatos” desta vez são Leicester e Southampton (dois tradicionais clubes que passaram apenas uma temporada na segunda divisão), sendo que o outro, Ipswich, não disputava havia 22 anos a Premier League. Os três caçulinhas da temporada passada (Burnley, Luton Town e Sheffield United) foram rebaixados, o que mostra como é difícil permanecer na elite do futebol inglês.
Desde a temporada 1997/1998, foi a primeira vez que os três que subiram caíram logo na sequência. Será a primeira temporada desde 2015/2016 sem nenhum time da região de Yorkshire, no norte do país. O Portman Road, a casa do Ipswich, é a grande novidade como palco desta Premier League. Esse estádio, no lado leste do país, tem capacidade para 29.673 torcedores (há outros quatro campos mais acanhados na disputa).
Na briga contra a degola, além desses três que chegam à primeira divisão agora, deverão estar Brentford e Nottingham Forest, que quase foram condenados na temporada anterior. Não creio que o Everton, que nunca caiu desde o início da Premier League mas que vem flertando com a queda nos últimos anos, vai ser rebaixado. Os Toffees ainda começam sem perda de pontos.
O Aston Villa conseguiu furar o chamado Big 6 e ficou no G4 na temporada passada. Como prêmio, virou time de Uefa Champions League e terá um calendário mais puxado agora, talvez não consiga sustentar essa nobre posição. Chelsea (que contrata de baciada), Manchester United (que deu voto de confiança para Erik ten Hag), Tottenham (do Big Ange Postecoglou) e Newcastle (ainda com Eddie Howe) são postulantes a pegar a vaga do Villa no G4.
Será difícil para o Liverpool brigar de novo pelo título sob nova administração, embora tenha deixado boa impressão na pré-temporada. A tendência é que a luta seja mesmo entre Manchester City e Arsenal, repetindo o que vimos nas duas últimas temporadas. Os Gunners não conquistam o troféu desde a temporada 2003/2004, quando conseguiu a façanha de ser campeão invicto. Foi justamente nesta temporada espetacular que eu comecei a comentar a Premier League nos canais ESPN.
A partir de então o Campeonato Inglês passou a ser muito mais valorizado aqui no Brasil, não só pela sua organização mas também pela qualidade de jogo. Milhares de torcedores brasileiros passaram a adotar times do coração na terra que era da rainha (agora é “God Save the King”). A popularização da Premier League só aumentou o prazer em transmitir essa liga, que virou referência e modelo até para quem não curtia muito futebol internacional.
Nem preciso desejar uma diferenciada Premier League para todos. O Inglesão é sempre diferenciado (e vai ser ainda mais nesta temporada se as autoridades tirarem uns pontinhos do time do incrível Guardiola). Cheers!