Antes marcada para acontecer nesta quinta-feira (28), a reunião do Conselho Deliberativo do Corinthians que votará o processo de impeachment da gestão Augusto Melo foi reagendada e está prevista para acontecer na próxima segunda-feira (02) atendendo a pedido do Comando Geral da Polícia Militar e da SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo).
Em entrevista à ESPN no Parque São Jorge, o presidente alvinegro garantiu que não teme a destituição.
“Quem me colocou aqui foi Deus, quem pode me tirar daqui é Deus”, disparou Augusto Melo.
“Quem me colocou aqui foi o sócio em voto democrático. Estou muito tranquilo quanto a isso, estou fazendo o melhor para o Corinthians. Se tiver que sair daqui, quem me tira é Deus. Hoje o Conselho é independente, não é dominado. Cada conselheiro tem sua responsabilidade e sabe o que está fazendo. Crescemos muito nos últimos meses mostrando profissionalismo, pela equação de dívidas, pagando credores, e isso está aparecendo”.
“Estamos com mais de R$ 50 milhões bloqueados por empresários e mesmo assim estamos mantendo os salários em dia. São quatro meses de salários antecipados. Há muitos anos que isso não se fazia aqui. Peguei com 11 meses de direito de imagem atrasado, salário atrasado, bicho atrasado. Hoje está tudo em ordem. Não me preocupo com impeachment”.
Para o dirigente, o planejamento de 2025 ficará em risco caso o processo de destituição seja aprovado pelo Conselho Deliberativo, o que pode acarretar em um “colapso jamais visto na história do futebol”.
A expectativa é de que o orçamento da próxima temporada seja levado pela diretoria para votação dos conselheiros em meados de dezembro.
“Existe um planejamento para 2025 que, se a gente sair, esse planejamento vai ter problema. Vamos entrar num colapso. Se acontecer o impeachment nós vamos entrar em um colapso jamais visto na história do futebol”.
O Conselho Deliberativo do Corinthians é composto atualmente por 301 membros, sendo 200 trienais e 101 vitalícios. A decisão será definida por maioria simples e em voto secreto.
Augusto Melo respondeu durante o ano a dois processos disciplinares internos.
O primeiro deles, levada ao órgão em agosto, dizia respeito a indícios de infração estatutária do presidente e de outros seis conselheiros: Armando Mendonça (segundo vice-presidente), Rozallah Santoro (ex-diretor financeiro), Yun Ki Lee (ex-diretor jurídico), Fernando Perino (ex-integrante do departamento jurídico), Marcelo Mariano (diretor administrativo) e Rubens Gomes (ex-diretor de futebol).
Após análise da Comissão de Justiça, todos foram ouvidos pela Comissão de Ética sobre temas como os acordos com a VaideBet (ex-patrocinadora máster) e a Gazin (empresa de colchões que tem espaço no uniforme de treino).
A segunda apuração conduzida pela Ética foi motivada pelo pedido de impeachment levado ao Conselho Deliberativo pelo grupo ‘Movimento Reconstrução SCCP’, e que contava com 86 assinaturas de conselheiros do clube, em sua maioria nomes de oposição à atual gestão.
Como informou a ESPN à época, a Comissão de Ética, órgão responsável por analisar casos de infrações ao Estatuto do Clube, deu parecer com recomendação para que o processo de destituição da diretoria seja arquivado ou suspenso até a conclusão da investigação conduzida pelo Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC).
Essa posição deve ser defendia em suspenção oral pelo presidente da comissão, Roberson de Medeiros, na reunião do Conselho Deliberativo.
Abaixo, a ESPN detalha quatro pontos importantes para você entender o passo a passo daquilo que acontecerá nesta quinta-feira, no Parque São Jorge.
Veja outros pontos da entrevista de Augusto Melo à ESPN sobre o processo de impeachment
“Não vão dar golpe”
“Tenho apoio de mais de 75% dentro do clube. Eu sempre falei na campanha que vou trazer a responsabilidade de volta para o conselheiro. Não só no Corinthians, mas também em outros clubes, os conselheiros são massacrados. Desde que estou no Conselho, eu fui o primeiro a eleger uma chama e sair, dando oportunidade para outras pessoas entenderem o Conselho e participarem da política. Fico muito feliz, hoje o Conselho do Corinthians é independente. Hoje quase todas as chapas já se desfizeram. A única que não se desfez foi a minha. Minha chapa é democrática, ninguém de lá deve cargos aqui só por apoiar o presidente. Hoje o Conselho do Corinthians é valorizado, é independente, capacitado”.
“Estou muito tranquilo. Conselheiros sabem do nosso trabalho, sabem o que a gente quer para o Corinthians, sabem que muita coisa que estão plantando é política, que não tem embasamento, não tem legitimidade. Nós temos um departamento, que é a Comissão de Ética, que investiga a conduta de todos aqui. Essa comissão avaliou que o Corinthians é vítima e optaram pela suspensão, até pelo processo estar atrelado à investigação da polícia. Qual o motivo disso? Qual a legitimidade disso? Não tem, é puro golpe. Não vão dar golpe”
Existe ‘governo paralelo’ no Corinthians?
“Com certeza. Tem um governo paralelo que quer me tirar daqui. Tem um governo paralelo que quer ditar regra. Se tivesse alguma coisa erada eu seria o primeiro a falar: ‘Está aqui meu cargo’. Quando acabar meu mandato eu vou continuar frequentando o clube, jogando o meu futebol. Eu participo do clube”.
Direção de futebol tem sido pedida como ‘troca’ por apoio político?
“Tivemos várias situações. Acho que é por isso que estamos sofrendo algumas coisas, por não dar cargo por amizade. Não vou cometer o mesmo erro. Estamos colocando pessoas técnicas, atualizadas e que nos ajudam a tirar o Corinthians dessa situação. A grande resistência que eu estou tendo é por tentar profissionalizar o Corinthians. Isso aqui é uma empresa, e o Corinthians é um dos últimos clubes grandes do país que não está profissionalizado”.
Próximos jogos do Corinthians:
Criciúma (F) – 30/11, 19h30 (de Brasília) – Brasileirão
Bahia (C) – 04/12, a definir – Brasileirão
Grêmio (F) – 08/12, a definir – Brasileirão