Aliados no início da atual gestão no Parque São Jorge, Augusto Melo e Romeu Tuma Jr. estão distantes no bastidor político do Corinthians. Presidentes do clube do e Conselho Deliberativo, respectivamente, ambos já não falam a mesma língua há algumas semanas e se afastaram.

A relação, segundo apurou a ESPN, não está rompida. Ainda.

Esse é um cenário que pode gerar desdobramentos em um tema que centraliza atenções fora dos gramados no clube: o pedido de impeachment da atual diretoria, que tem sido analisado pelo Conselho de Ética.

Um dos principais grupos políticos na base de apoio à gestão Augusto Melo, a chapa “União dos Vitalícios” se reuniu na noite da última quarta-feira (18) para debater a permanência na gestão ou o desembarque da administração no Parque São Jorge.

Entre os nomes fortes do grupo estão Romeu Tuma Jr., Osmar Stabile, 1º vice-presidente, Miriam Athiê e Fran Papaiordanou. O último, que teve seu nome ligado à sucessão de Rubens Gomes como Diretor de Futebol, e que foi um dos articuladores da reunião.

Augusto Melo já tem relação rompida com Armando Mendonça, membro do grupo Movimento Corinthians Grande e 2º vice-presidente. Uma das principais vozes contrárias à participação de Alex Cassundé como intermediário no contrato de patrocínio com a casa de apostas VaideBet, o dirigente teve seu depoimento à Polícia Civil usado como argumento no pedido de impeachment que corre no clube.

Uma fonte presente ao encontro e ouvida pela reportagem detalhou que há descontentamento com o que foi apontado como “isolamento” de Stabile em decisões e participação na gestão.

Com isso, inclusive, existe a possiblidade de que o conselheiro se afaste publicamente caso o cenário permaneça igual.

A ESPN apurou que o presidente do Corinthians tem centralizado a gestão em pessoas “chave” no entendimento dele: Fred Luz (Executivo), Vinicius Cascone (Secretário Geral) e Pedro Silveira (Diretor Financeiro).

“Não está mais aliado”, disse um conselheiro ouvido pela reportagem, afirmando ainda que o grupo decidirá como votará caso o pedido de impeachment contra Augusto Melo atinja esse estágio no Conselho. A chapa agora se intitula independente.

À ESPN, a mesma fonte apontou ainda que o grupo está decidido a “não aceitar mais nenhuma violação ao Estatuto”, indicando que em caso de “qualquer descumprimento será pedido novo impeachment”.

Um dos pontos apontados nos bastidores como possível violação ao regimento do Corinthians é o rumor de recuperação judicial, que é uma previsão legal para que empresas em situação de grave crise econômico-financeira renegociar dívidas sem a necessidade de encerramento das atividades.

A pauta tem sido creditada no Parque São Jorge como uma ideia de Fred Luz, Executivo que trabalha no Parque São Jorge sob a gestão da consultoria Alvarez & Marsal.

O tema, que tem gerado tensão no clube, é rebatido por pessoas próximas a Augusto Melo. A alegação é de que o Corinthians trabalha para ir à Justiça por uma ação cautelar para tentar blindar as contas bancárias do clube contra execuções e bloqueios por 60 dias.

A ação, por outro lado, tem sido vista como um primeiro passo para uma recuperação judicial diante da situação financeira delicada, com a dívida total chegando a R$ 2,3 bilhões.

Como a ESPN revelou em maio, a medida foi um dos caminhos apresentados pela consultoria Ernst & Young ao Corinthians. Relatórios da multinacional, inclusive, tratavam o quadro do clube como “insolvente”.

A ação cautelar pretendida pelo clube foi tema de um ofício enviado por Tuma a Augusto Melo na última terça-feira. O presidente do Conselho Deliberativo cobra “explicações institucionais” ao questionar o que trata como “falta de transparência e desobediência ao Estatuto”.

Como apurou a ESPN, o Corinthians ainda não foi à Justiça em busca de uma ação cautelar.

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