Em entrevista ao jornal português A Bola, o diretor de futebol do Flamengo, José Boto, analisou seus primeiros meses de trabalho na Gávea.
De acordo com o profissional, o “legado de Jorge Jesus” ainda é visível no Rubro-Negro, e o Mister é visto quase como um “Deus” no clube carioca.
“O Jesus foi realmente um fenômeno aqui. No curto período que esteve, diria que foi quase um Deus, pelo que ele ganhou e pela forma como o fez”, analisou.
“Foi um fenômeno de popularidade, das pessoas gostarem muito, mesmo muito dele. E, na minha perspectiva, isso tem a ver, como é óbvio, com os resultados que ele conseguiu, além de um futebol também atrativo”, seguiu.
“Aqui no Flamengo não basta ganhar, é preciso ganhar, dominar e ter um futebol atrativo. Ele uniu essas coisas, e depois há também a personagem que todos conhecemos, aquilo que é o Jorge Jesus, a sua forma de ser”, salientou.
“Ao contrário do que muitas vezes acontecia em Portugal, onde algumas pessoas tinham reticências quanto ao seu estilo, aqui essa forma de estar foi valorizada pelos torcedores. As pessoas o viam como alguém diferente, com uma maneira particular de se expressar e de atuar. Ele realmente deixou uma marca e tem um reconhecimento aqui que não tem, por exemplo, em Portugal”, completou.
Boto também revelou que teve uma boa “conversa a três” com JJ e com Filipe Luís, atual comandante do Fla.
“Em Portugal, quando o Filipe esteve comigo, fizemos uma chamada de vídeo para o Jorge Jesus e passamos um bom tempo a conversar”, relatou, ressaltando também que gostaria de ver Jesus comandando a seleção brasileira um dia.
“Eu gostaria. Não sou brasileiro, não tenho esse sentimento, mas nós, portugueses, já tivemos e temos treinadores estrangeiros na seleção. Acho que, se tiver que ser um treinador estrangeiro, ele precisa ser um nome incontestável, como um Ancelotti, um Guardiola ou então o próprio Jesus. Isso é o meu feeling, sem qualquer tipo de certeza”, apontou.
O diretor flamenguista ainda fez muitos elogios ao Campeonato Brasileiro e disse que vê um potencial enorme de crescimento para o torneio nos próximos anos.
“A qualidade da liga aqui, em todos os aspectos, é muito grande. Lembro-me de há uns anos, quando o Jesus disse que a liga brasileira poderia ser mais competitiva e atraente do que a Premier League, ele foi muito criticado. Eu não chegaria a tanto, mas não sei se há na Europa ou no mundo uma liga tão competitiva como a brasileira”, disparou.
“Ainda antes do início do campeonato, há seis, sete, até oito clubes com pretensões ao título. Isso torna a liga muito disputada. Além disso, os valores pagos aqui hoje em dia são bastante interessantes e capazes de atrair jogadores da Europa, principalmente de ligas menores ou com menor capacidade financeira, como a Portuguesa, tirando os três grandes”, acrescentou.
Para Boto, o Brasileirão ainda não pode ser equiparado às cinco principais ligas da Europa. No entanto, o dirigente destacou a potência dos clubes nacionais.
“Não colocaria (o Brasileiro) entre as cinco grandes ligas europeias. O jogador português que tenha uma oportunidade num desses campeonatos dificilmente virá para o Brasil. Mas, entre jogar no Strasbourg e jogar no Flamengo, acho que um jogador português escolheria o Flamengo”, analisou.
Próximos jogos do Flamengo:
Vasco (C) – 08/03, 17h45 (de Brasília) – Campeonato Carioca