A seis meses da Copa do Mundo, uma das principais dúvidas da seleção brasileira gira em torno de Neymar. O craque do Santos, que ficou fora de todas as convocações de Carlo Ancelotti e não veste a camisa verde e amarela há mais de dois anos, merece a chance de ir ao Mundial dos Estados Unidos, México e Canadá?
A ESPN conversou com exclusividade com quatro campeões do mundo pelo Brasil. Rivellino (1970), Zinho (1994), Edmílson e Luizão (ambos em 2002) comentaram sobre a fase do atacante do Peixe e divergiram quanto a sua presença ou não na Copa.
Lendário camisa 10 de Corinthians e Fluminense, embora tenha sido campeão do mundo com a 11, Rivellino acredita que Neymar ainda não apresentou futebol suficiente para voltar a vestir a Amarelinha, embora reconheça a qualidade acima dos concorrentes por vaga.
“Infelizmente está apresentando muito pouco. Deviam fazer uma programação melhor com ele. Na cabeça dele, veio para se preparar para jogar (a Copa do Mundo). Ele estourou porque ficou muito tempo parado. Agora ele tem que estar bem. Neymar está com dificuldade, e o time não ajuda”, opinou.
“Ele está numa situação difícil desse jeito. O time também já não tem apresentado um grande futebol e ele e também não vai resolver tudo sozinho”, seguiu o tricampeão mundial.
Desde a volta ao Santos, entre lesões e pouco ritmo de jogo, Neymar acumula 26 jogos, com 8 gols e 4 assistências. Tais números não foram suficientes para que o craque ganhasse uma oportunidade de Carlo Ancelotti, algo que Zinho, tetra em 1994, concorda.
“Tem um talento maravilhoso, mas que hoje ainda não está pronto. As críticas que ele sofre é porque o Santos está numa campanha muito ruim. Ele jogou pouco devido às contusões e existe sempre essa cobrança, porque ele é um grande nome. Uma grande parte ainda confia e a gente torce para que ele se recupere do jeito que ele está hoje. Infelizmente, não dá para jogar uma Copa do Mundo hoje”, opinou o hoje comentarista da ESPN.
‘Se quer ir à Copa, ele tem que querer’
Para o pentacampeão Edmílson, o talento de Neymar não pode ser desperdiçado, ainda que ele não esteja no seu melhor nível, visto que é um nome que chama a responsabilidade para si.
“Se ele estiver bem fisicamente, pode levar que ele vai chamar a responsabilidade. Hoje, nós não temos um jogador, com todo respeito ao Vini, ao Rodrygo e ao próprio Estêvão, que é um menino que vai crescer até à Copa e vai nos ajudar muito, mas o cara que vai estar dentro de campo com a Amarelinha, com a 10… (Neymar) é o cara que realmente sabe movimentar o ecossistema dentro de um vestiário”, afirmou o ex-zagueiro.
A última partida Neymar pela seleção foi em outubro de 2023, na derrota por 2 a 0 para o Uruguai, pelas eliminatórias, quando rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho. Desde então, o craque ensaiou um retorno nos tempos de Dorival Júnior, mas acabou cortado.
Para os ex-jogadores ouvidos pela ESPN, já passou da hora do atacante realmente demonstrar o desejo de defender o Brasil novamente.
“Gostaria que ele viesse a público e falasse: ‘Eu vou jogar, vou me preparar, quero jogar essa Copa do Mundo’. Você pode contestar o Neymar fora do campo, porque dentro ele é um jogador fora de série, diferenciado”, comentou Zinho.
“É um craque que a gente não pode desperdiçar nunca. Acho que tem que ter uma reunião com ele em janeiro. Você quer? Porque quando a gente quer… Eu passei isso com o Ronaldo em Atlanta 96, passei em 2002, que ninguém sabe que eu estava com toxoplasmose. Mas eu queria. Então você tem que querer, e o Neymar tem que querer. Eu acho que o Brasil precisa dele”, completou Luizão.
Nessa reta final de Brasileirão, Neymar tem a missão de não só ajudar a manter o Santos na primeira divisão, mas também de mostrar a Ancelotti que está bem fisicamente para ir à Copa. Quem sabe assim, seja convocado. Afinal, mesmo em meio à lesões, segue no radar e dividindo opiniões.
”Neymar está na lista dos jogadores que podem estar no Mundial. Agora, restam seis meses para a lista final. Nós temos que observar ele e os outros para tentar não cometer erros na lista definitiva ” disse o técnico italiano antes do amistoso contra a Tunísia.
Com a presença de Ancelotti, a seleção brasileira conhecerá nesta sexta-feira (5), às 14h (de Brasília), seus adversários na Copa do Mundo. O sorteio que determina os 12 grupos da primeira fase ocorrerá no Kennedy Center, em Washington (EUA).
Brasil
México
Argentina
Perú
Chile