A temporada da NBA foi profundamente abalada quando a troca entre Los Angeles Lakers e Dallas Mavericks envolvendo Luka Doncic e Anthony Davis foi divulgada. O esloveno agora vai formar uma dupla estelar com o já consagrado LeBron James. Entretanto, a parceria, ao mesmo tempo que empolga, apresenta problemas que a franquia californiana vai ter que resolver.
A primeira oportunidade de ver os dois juntos em quadra, com Doncic já recuperado de lesão na panturrilha, será neste sábado (8), contra o Indiana Pacers, com transmissão ao vivo do Disney+.
Mas, se a data oficial da estreia ainda é incerta, já é possível projetar o que esperar de LeBron e Doncic juntos em Los Angeles, e aqui detalhamos cinco coisas nas quais o reforço dos Lakers pode ajudar, ou possivelmente complicar, o time.
LeBron pode se poupar mais
Nenhum outro jogador na história moderna da NBA exigiu tanto de seu corpo quanto LeBron, que participou de 168 jogos de playoffs – mais do que duas temporadas regulares completas – de 2011 a 2018. E, mesmo aos 40 anos, ele tem uma média impressionante de 85 toques na bola por jogo, sendo o décimo colocado nessa categoria.
Ter Doncic – que teve uma média de 90 toques por jogo nas últimas cinco temporadas – passando por cima dos defensores e distribuindo a bola por toda a quadra – sem dúvida aliviará a carga de LeBron no ataque. Mesmo em uma temporada em que a diretoria dos Mavs aparentemente ficou cada vez mais frustrada com os hábitos e as falhas de Doncic, ele conseguiu converter 60% de seus arremessos quando ataca o aro, a marca mais alta da NBA entre os jogadores com pelo menos 300 arremessos nesta temporada.
Isso não quer dizer que James nunca descansa. Ele é o quarto jogador mais lento da liga, com uma média de apenas 1,64 m/s na quadra. Doncic é apenas um pouco mais rápido, com 1,67 m/s. Mesmo assim, a vida de LeBron deve ficar mais fácil com o novo companheiro ao seu lado.
Será divertido assistir aos pick-and-rolls de Doncic e LeBron
Os Lakers já tinham uma combinação incrível com LeBron e Davis, que ajudaram a franquia a conquistar o título em 2020. Mas a diferença notável de lá para cá, mesmo com o ala-pivô sendo um dos jogadores mais dominantes da liga, foi a capacidade de acertar arremessos de três pontos como uma ameaça no ataque. Depois de ter uma conversão de 33% no setor na temporada em que os Lakers ganharam o título, Davis acertou pouco menos de 26% das bolas de três no restante da sua passagem.
Mesmo com uma taxa um pouco abaixo da média da liga de 35% nos arremessos de três em sua carreira, Doncic não pode simplesmente ser deixado sozinho, o que o torna uma ameaça. Os Lakers já têm a maior taxa de lances livres da liga e podem chegar lá com mais frequência com um jogador que provoca tantas faltas como Doncic.
Austin Reaves deve se dar bem jogando sem a bola
Um dos jogadores que provavelmente se beneficiará mais com a chegada de Doncic é Reaves, que teve 80 toques por jogo e conduziu a bola por pouco mais de cinco minutos por partida nesta temporada – um aumento de quase 25% em relação aos 61 toques e quatro minutos da temporada passada.
Reaves é um bom condutor da bola, vivendo sua melhor fase na carreira depois que a equipe transferiu seu colega D’Angelo Russell para o Brooklyn Nets. Mas sua eficiência caiu em relação às duas últimas temporadas, com menos arremessos de “bate-pronto”. Reaves arremessou 39% de três nessas oportunidades, em comparação com 35% nas tentativas em que ele mesmo criou, de acordo com o S”econd Spectrum”. O controle de bola de Doncic deve ajudar a aumentar a eficiência de Reaves.
Bons arremessadores poderiam elevar a dupla LeBron-Doncic
Apesar das chances de título dos Lakers terem melhorado nas casas de apostas, ainda há muito ceticismo de que Doncic faça do time um candidato ao campeonato neste momento.
A equipe tem lacunas óbvias a preencher, algumas das quais provavelmente precisarão ser resolvidas durante a intertemporada. A equipe de Los Angeles, que ocupa a 18ª posição em conversão de cestas de 3 pontos, deveria adquirir mais ameaças no perímetro para maximizar o espaço que Doncic e LeBron têm para chegar à cesta, mantendo as defesas desequilibradas.
O melhor exemplo disso é que os Mavs lideraram a liga em arremessos de 3 pontos no canto na última temporada antes de chegar às finais. Enquanto isso, os Lakers, nesta temporada, têm a quinta menor quantidade de tentativas no mesmo lugar.
A (atual) falta de proteção do aro pode condenar a dupla LeBron-Doncic
Por mais intrigante que seja pensar no potencial do ataque do Lakers, é mais difícil imaginar a defesa agora que Davis não está mais ancorando a equipe. Um eterno candidato a Jogador Defensivo do Ano, o astro limita os adversários a 45,6% de aproveitamento de arremessos em bandejas e enterradas quando ele é o defensor principal nos últimos dois meses, a quinta melhor taxa da NBA entre os jogadores com pelo menos 150 jogos.
Essa habilidade fará muita falta ao time. Além de perder Davis, a defesa de Los Angeles, 21ª colocada no ranking, perdeu talvez seu melhor defensor de alas, Max Christie, na troca. “As equipes vão testá-los incessantemente com esse grupo defensivo”, disse um olheiro da Conferência Oeste. “Não há velocidade em lugar nenhum”.
Ao mesmo tempo, o time incorpora Doncic, que, apesar de todo o seu talento no ataque, deixa a desejar no outro lado da quadra. O executivo do Mavs, Nico Harrison, disse de forma incisiva: “A defesa vence campeonatos”, ao explicar uma de suas principais motivações para tomar a surpreendente decisão de trocar por Anthony Davis.
Doncic tem sido, no mínimo, fraco na defesa. Enquanto ele deslumbrava no ataque durante as Finais da NBA da última temporada, o Boston Celtics prosperou forçando Dallas a fazer rotações defensivas depois de levar os companheiros de equipe do esloveno a ajudar freneticamente depois de dribla-lo.
Os próprios Lakers sabem disso e foram buscar Mark Williams em troca com o Charlotte Hornets. “Sabemos que precisamos de um pivô”, disse Pelinka na coletiva de imprensa de apresentação de Doncic na terça-feira (4).
O Los Angeles, que tem o sétimo calendário restante mais difícil da liga, certamente será testado na defesa enquanto se prepara para a pós-temporada.
Um trecho em especial – uma série de seis jogos em março contra Milwaukee, Denver, Phoenix e San Antonio antes de enfrentar novamente os Nuggets e os Bucks – desafiará repetidamente os Lakers no meio, forçando-os a defender alguns dos maiores e mais eficientes ataques da liga no garrafão, com Giannis Antetokounmpo, Nikola Jokic e Victor Wembanyama.