Quando aceitou a proposta do Lille por Luiz Araújo, hoje no Flamengo, em junho de 2017, o São Paulo não sabia que estava mudando a história de um pequeno clube do interior paulista.
Fundado em 1925, o Mirassol havia acabado de subir para a elite do Paulistão pela segunda vez na sua história – a primeira foi de 2008 a 2013 – e era conhecido apenas por ter goleado o Palmeiras, por 6 a 2, no estadual de 2013, ano em que foi rebaixado para a Série A2.
Sem dinheiro em caixa para fazer grandes contratações, a diretoria colocou na cabeça que a melhor saída seria investir nas categorias de base para colher os frutos lá na frente. O primeiro passo para colocar o plano em prática era a construção de um Centro de Treinamento. Faltava, porém, a “grana”.
“Ter o cuidado com as categorias de base é fundamental para a sobrevivência, e posteriormente, para o crescimento de clubes do interior”, disse Edson Antônio Ergemenildo, presidente do Mirassol desde 1994, ao ESPN.com.br.
E ela veio com a ida de Luiz Araújo para a França. Ao liberá-lo para o São Paulo ainda nas categorias de base, o Mirassol ficou com 20% dos direitos econômicos. A transferência entre Tricolor e Lille foi fechada em R$ 38 milhões, dos quais R$ 7,7 milhões foram para os cofres do Leão Araraquarense.
Quase todo esse valor foi usado pelo Mirassol para a construção de “um dos mais modernos centros de treinamentos do Brasil”, como diz o próprio clube. A estrutura conta com quatro campos oficiais com grama natural e sistema de drenagem, sala de fisioterapia com equipamentos modernos, vestiário, academia, piscina de hidromassagem e quadra de areia, além de um alojamento com 34 suítes (20 para o elenco profissional e 14 para a base).
“Foi uma negociação que nos permitiu ter uma receita importante para darmos início aos trabalhos da construção do nosso centro de treinamento. Acreditamos que o bom aproveitamento dos recursos e a sobriedade na gestão, somados ao bom desempenho dos atletas e das comissões que passaram pelo clube, foram os fatores principais para alcançarmos as conquistas recentes”, afirmou o presidente.
“O Mirassol hoje atende a todas as especificações da Confederação Brasileira de Futebol e por isso tem o selo de clube formador da CBF. As negociações de jovens atletas oriundos da base são uma importante fonte de receita para o Mirassol”, completou.
O CT foi inaugurado em 2019 e depois disso o Mirassol não parou de crescer. Prova disso são os títulos da Série D de 2020 e da Série C de 2022. Logo na sua primeira participação na Série B, no ano passado, o Leão viu o acesso escapar por apenas um ponto.
Em busca do acesso inédito
A expectativa é que em 2024 o desfecho seja diferente. E só depende do Mirassol. Sob o comando de Mozart, ex-jogador de Flamengo, Palmeiras e Coritiba, o Leão está na quarta colocação, com 50 pontos. Faltam oito rodadas para o fim da Série B.
“Acredito que nos últimos anos estamos nos estruturando para dar esse passo (acesso à Série A do Brasileiro). Por se tratar de futebol, é impossível falar quando ele será dado. Nossa campanha está nos colocando perto disso, esperamos que se concretize”, comentou Edson Ermenegildo.
Neste sábado (12), o Mirassol faz um confronto direto com o Santos, na Vila Belmiro, a partir das 18h30 (de Brasília), pela 31ª rodada. O Peixe é o vice-líder, com três pontos a mais.