“Foi a primeira vez que eu pedi ajuda. Meu emocional foi para o zero. Não tinha forças para me reerguer sozinho”.
Assim Neymar desabafou ao final de Santos 3 x 0 Cruzeiro no último domingo, na rodada final do Campeonato Brasileiro que garantiu o 12º lugar ao time na competição e uma vaga na CONMEBOL Sul-Americana de 2026.
A impactante fala tinha relação com as críticas dos últimos meses por conta de um desempenho abaixo do que muitos esperavam e os problemas médicos que impediam sequências maiores em campo. Mas não foi apenas isso.
As tais “pancadas” da opinião pública sofridas nos últimos tempos se somaram a um Neymar com medo de perder aquela que chamou de “última missão”, a disputa pela Copa do Mundo de 2026 pela seleção brasileira.
Enquanto lutava contra as dores em seu joelho e algumas recomendações médicas para um compromisso que tratou como pessoal de salvar o Santos da ameaça de rebaixamento, Neymar encarava também um cenário até então inédito quando o assunto era seleção: a perda dos status de intocável e unanimidade na equipe canarinho.
Enquanto jogadores do grupo brasileiro reforçavam o desejo e a importância de ter o craque na próxima Copa, Carlo Ancelotti e outros membros do estafe da seleção não adotavam o mesmo discurso. “Se ele estiver bem, melhor que outro, ele vai. Ele precisa estar 100%, não 80%”, frisou o treinador italiano.
Em contatos com interlocutores do corpo técnico da seleção, Neymar sentiu que a ameaça de não disputar a Copa era real. Isso o deixou preocupado. Ao mesmo tempo, o cenário de incertezas para o Mundial reforçou uma decisão que já vinha sendo tomada em algum grau no dia a dia do Santos.
O camisa 10 entendia que precisava de “algo mais” em treinos e até na sua rotina diária com pessoas mais próximas para se aproximar de uma condição de jogo satisfatória.
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Em casa, até mesmo algumas pessoas com trânsito antigo ficaram de lado. O núcleo duro formado por sua esposa, seus pais, a irmã, uma dupla de amigos mais próximos, fisioterapeuta, preparador físico particular e cozinheiro passou a ser o único com maior presença no dia a dia.
“Agradeço às pessoas que estiveram presentes neste momento, que me ajudaram, de alguma forma, a me reerguer. Se não fosse elas, jamais estaria jogando esses jogos”, disse Neymar no último domingo.
Pessoas mais próximas e com acesso direto ao estafe confirmaram que o cenário mudou não somente em campo, onde liderou o Santos na reta final do Brasileiro. Mas que isso foi consequência da forma diferente como as coisas foram conduzidas nas últimas semanas dentro e fora dos gramados.
Permanência no Santos e Copa como mira final
Com a situação do Santos na primeira divisão resolvida e a Sul-Americana no planejamento do clube para 2026, Neymar informou que irá tirar uma semana para “descansar o mental” após a carga pesada de cobrança nas últimas semanas e, somente depois, conversar sobre sua renovação.
Aos mais próximos, no entanto, ele já adiantou que a ideia é seguir no Peixe. É na cidade que o craque se sente bem, adaptado, rodeado de pessoas que o idolatram e outras que formam uma rede de apoio para as cobranças que devem seguir.
Com um curto espaço de tempo para a Copa do Mundo, Neymar e seu pai entendem que uma troca de clube neste momento significa um novo “recomeço”, carregando todo o peso das incertezas de um novo ciclo e sobre o ambiente a ser administrado.
Tudo isso poderia jogar contra a presença nos Estados Unidos. Resta, agora, a negociação dos valores do novo contrato
Ainda sobre a mira apontada para a tão falada “última missão”, a promessa que se ouve é que a nova realidade de foco nos campos e em casa irá se manter até o meio de 2026.
O cronograma está estabelecido. Após uma semana de férias, Neymar passará por uma “meniscectomia parcial” – uma raspagem no menisco para retirar tecidos que causam dor através de artroscopia. O procedimento considerado simples ocorrerá antes do final de 2025. Com um tempo estimado de recuperação entre três e quatro semanas, a expectativa é que o camisa 10 esteja à disposição para o início do Campeonato Brasileiro, no final de janeiro.
Papo com Coutinho e David Luiz por fisioterapeuta
Como parte do planejamento de recuperação e retomada das condições ideais o mais breve possível, Neymar definiu que irá realizar sua fisioterapia após a artroscopia com Eduardo Santos, conhecido entre os boleiros como “Doutor Milagre” por sua especialidade em acelerar processos e antecipar retornos aos gramados.
Algumas conversas com os antigos companheiros Philippe Coutinho e David Luiz ajudaram na escolha. A dupla já fez trabalhos de recuperação de sucesso com Eduardo Santos.
O discurso é de que o comprometimento visto na reta final de 2025 será replicado na recuperação da cirurgia no joelho e, posteriormente, nos meses que restam até a Copa do Mundo. Assim como não queria ver o Santos rebaixado e sofreu com isso, Neymar não aceita a ideia de ficar de fora da lista final de Ancelotti para o Mundial nos Estados Unidos.
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