O Conselho Deliberativo do São Paulo aprovou nesta quarta-feira a criação de um fundo de investimentos em direitos creditórios (FIDC) em conjunto com as gestoras Galapagos Capital e Outfield.

O projeto passou no Conselho após obter 82,22% de aprovação. 185 conselheiros votaram a favor, enquanto apenas 40 se opuseram. Não houve abstenção.

O São Paulo pretende captar R$ 240 milhões com a criação do fundo para pagar dívidas com instituições bancárias e resolver problemas com capital de giro. Até o final de 2023, os débitos com bancos totalizavam R$ 226 milhões.

Em contrapartida, o Tricolor terá de seguir uma política de governança prevista em contrato para garantir a sustentabilidade do clube e o pagamento aos cotistas do fundo.

O São Paulo dará como garantia de pagamento às gestoras Galapagos Capital e OutField suas receitas provenientes de venda de jogadores, licenciamento, direitos de transmissão, patrocínios, naming rights, entre outras.

“O fundo é o instrumento que precisávamos para que o Clube possa começar a sanar as dívidas atualmente existentes e que dificultam e atrapalham o fluxo de caixa, com juros altos e vencimento de curto prazo. A partir da sua implementação, conseguiremos reduzir o custo e preparar o Clube para o seu centenário com uma gestão mais sustentável, o que possibilitará maior capacidade de competir com adversários com mais poder financeiro. Teremos um choque de gestão e, já vamos implementar também um comitê orçamentário para acompanhar o fluxo do São Paulo”, disse Julio Casares, presidente do São Paulo.

Na prática, o São Paulo está captando um empréstimo menos convencional. O clube concentrará sua dívida com apenas uma instituição financeira e, ao invés de pagar o valor captado mais os juros, oferecendo garantias de pagamento, também terá de seguir à risca algumas cláusulas de contrato impostas pela Galápagos e OutField, como limite para gastos e aquisição de novas dívidas.

“A operação é inovadora e vai ao encontro da tendência recente que aproxima cada vez mais os clubes de futebol do mercado de capitais no Brasil como alternativa para a captação de recursos. O fundo vai ajudar a melhorar a saúde financeira do São Paulo Futebol Clube e os recursos que serão economizados poderão ser investidos em performance esportiva, ou seja, mais tempo e mais dinheiro focados no futebol.”, disse Andrea Di Sarno, sócio da Galapagos Capital.

“Ao passo que o esporte movimenta mais dinheiro, ele também vem se sofisticando na forma de buscar financiamento. Nos EUA isso já é bastante comum e agora vemos o futebol brasileiro indo pelo mesmo caminho. É preciso entender que, apesar do significativo aumento nas receitas, o alto endividamento dos clubes é um sinal claro de que é necessário buscar alternativas mais eficazes para a sustentabilidade financeira”, comentou Pedro Oliveira, sócio-fundador da OutField.

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