Depois de aprovar internamente um orçamento de “cinto apertado” para 2026, o Corinthians deve concretizar em breve um empréstimo de cerca de R$ 70 milhões para destravar questões mais urgentes de fluxo de caixa. A informação foi apurada nesta quinta-feira (18) pela ESPN.

O acordo, que é tratado nos bastidores como “bem encaminhado”, vem sendo costurado com a Liga Forte União (LFU).

A opção trabalhada é para que os pagamentos desses valores ocorram diretamente de cotas de R$ 36 milhões em 2026 do contrato vigente a uma taxa de juros de CDI (Certificado de Depósito Interbancário) +3, na casa de 17%.

Além de questões de caixa, parte do valor deve ser direcionado para o pagamento do transfer ban imposto pela Fifa ao clube por problemas no pagamento da contratação do zagueiro Félix Torres.

O Timão foi condenado pela entidade máxima do futebol a pagar US$ 6,14 milhões (algo em torno de R$ 34 milhões em valores atuais) ao Santos Laguna (MEX), acrescido de multa de 15% sobre todos os valores em aberto e juros de mora à taxa de 18% ao ano.

Como a ESPN antecipou no início de novembro, essa possiblidade foi levada aos membros do Conselho de Orientação (CORI) do Corinthians em reunião no último dia 29 de outubro, com aprovação do órgão por unanimidade.

À época, o clube trabalhava com a necessidade de obter R$ 27,5 milhões em empréstimo em novembro, além de R$ 72,5 milhões para dezembro de 2025, totalizando R$ 100 milhões.

O Corinthians está impedido pela Fifa de registrar atletas até que aconteça um acordo com o Santos Laguna no caso Félix Torres.

Das seis condenações do clube na entidade, duas delas já foram ratificadas pela Corte Arbitral do Esporte. Além do bloqueio pela dívida com os mexicanos, o clube ainda foi condenado a pagar integralmente o contrato do meia Matias Rojas. As duas punições, somadas, superam R$ 85 milhões.

O clube ainda aguarda a decisão da Corte Arbitral do Esporte para os casos de outros quatro atletas: Rodrigo Garro, Maycon, José Martínez e Charles. Se as decisões da corte mantiverem o caminho da Fifa, o montante pode superar R$ 125 milhões em punições.

Orçamento prevê 2026 de austeridade

O Corinthians trabalha com um orçamento de austeridade para 2026. O documento, que teve aprovação do Conselho de Orientação (CORI) e do Conselho Deliberativo, prevê superávit de R$ 12 milhões e um resultado operacional com lucro de R$ 320 milhões.

Parte das ações para isso passam pela redução do “pessoal”, diminuindo custos com salários de funcionários e jogadores em 19%, passando de R$ 505 milhões para R$ 410 milhões.

Apenas no departamento de futebol a previsão é contenções de R$ 435 milhões para R$ 354 milhões em 2026. Essa redução impactaria em cerca de R$ 6,2 milhões na folha salarial do clube.

O orçamento prevê ainda R$ 151 milhões com repasse de direitos federativos e outros valores oriundos do mecanismo de solidariedade da Fifa pela venda de atletas, além de R$ 335 milhões em direitos de TV e R$ 255 milhões através de acordos de patrocínio.