O futebol brasileiro tem casos marcantes de “pacotões” de reforços – quando dirigentes resolvem mudar a cara do elenco e contratam, em um intervalo de poucos dias, um grande número de jogadores. Isso aconteceu na atual janela de transferências, com o Cruzeiro, que já oficializou oito novos atletas, entre eles Dudu, Fagner e Gabigol. Outros devem aparecer na Toca da Raposa até a temporada começar.

Os exemplos ao longo da história mostram que essa prática pode dar muito certo – ou bem errado. Em 2015, o Palmeiras reformulou o grupo e conseguiu conquistar a Copa do Brasil. Em 2004, porém, o Corinthians quase terminou rebaixado no Paulistão. Em 1998, uma ‘SeleFla’, do Flamengo, não chegou a vingar.

O ESPN.com.br separou casos marcantes de pacotões de reforços do futebol brasileiro.

Flamengo – 1998

Em 1998, o Flamengo reforçou a equipe. As chegadas de Cleison, Palhinha, Zé Roberto, Rodrigo Fabri e o retorno de Romário, tudo em pouco tempo, fizeram torcedores e parte da imprensa chamarem a equipe de “SeleFla”.

Apesar da expectativa, o pacotão flamenguista não deu grandes resultados e o time não conquistou nenhuma taça naquele ano. Muitos, inclusive, deixaram a Gávea pouco tempo depois.

Corinthians – 2004

O Corinthians contratou 13 reforços para a temporada de 2004, com a expectativa de uma mudança grande no elenco. Sete chegaram a ser apresentados no mesmo dia, com nomes como Rincón, que retornava ao clube, e Rodrigo Beckham. Entre as novidades, também estava o goleiro Fábio Costa, que havia sido campeão brasileiro pelo Santos.

Nada saiu como planejado. A equipe se complicou no Campeonato Paulista e correu sério risco de ser rebaixado no estadual (escapou graças à vitória do rival São Paulo sobre o Juventus na rodada final). Era um time praticamente novo, que não deixou saudade nos torcedores.

Santos – 2006

O Santos começou o ano de 2006 com 13 reforços. Entre os mais famosos, estavam o goleiro Fábio Costa, retornando ao clube depois de fazer parte do pacotão do Corinthians de 2004, e Maldonado, ex-Cruzeiro.

O Peixe foi o quarto colocado naquela temporada no Brasileirão e levantou a taça do Campeonato Paulista sob o comando de Vanderlei Luxemburgo.

Atlético-MG – 2006

Quem também usou a estratégia de contratar um pacotão de reforços após cair para a segunda divisão foi o Atlético-MG, no fim de 2005. O objetivo inicial era fortalecer para o Campeonato Mineiro, mas a equipe, como um todo, subiu à elite após a campanha de 2006.

Dos reforços que chegaram no início do ano, foram seis apresentações em um só dia: Rafael Gaúcho, Tiago, Jales, Vicente, Eduardo e Everton.

Vasco – 2009

Quando caiu para a Série B pela primeira vez, no fim de 2008, o Vasco foi ao mercado para dar uma cara nova ao elenco que disputaria a segunda divisão no ano seguinte. Ainda no início de janeiro, o clube apresentou dez reforços em uma tarde no CT. Foram contratados, entre outros, Léo Lima, Paulo Sérgio e Fagner.

A estratégia de reformulação no elenco deu certo. O time carioca subiu à elite com o título de Série B.

São Paulo – 2010

Depois do tricampeonato brasileiro de 2006, 2007 e 2008 e de passar em branco em 2009, o São Paulo começou 2010 com um pacotão de reforços.

O time apresentou para a torcida, de uma vez só, Marcelinho Paraíba, Léo Lima, Carlinhos Paraíba, Xandão, André Luis e Fernandinho. “Estamos montando não apenas um time, mas um elenco competente e apto a vencer as competições que iremos disputar”, disse, à época, o diretor João Paulo de Jesus Lopes. O Tricolor, no entanto, só voltou a ser campeão em 2012.

Cruzeiro – 2013

Sob comando do diretor Alexandre Mattos, o Cruzeiro reforçou a equipe para 2013. O cartola, ainda pouco conhecido no futebol brasileiro, levou 13 jogadores para a Raposa. Diferentemente do Corinthians, no entanto, a estratégia deu certo. Muitos nomes foram base do time que foi campeão nacional daquele ano e ainda conquistou o bi na temporada seguinte.

Nas novidades, estavam, por exemplo, Everton Ribeiro, Ricardo Goulart, Egídio e Nílton. Também chegaram jogadores que eram consagrados, como Diego Souza e Dagoberto.

Palmeiras – 2015

O destaque e o sucesso no Cruzeiro elevaram a carreira de Mattos, que recebeu convite para um outro desafio: reformular o Palmeiras, que quase foi rebaixado no Brasileirão de 2014, e montar um time competitivo a partir de 2015. Deu certo mais uma vez.

O elenco para aquela temporada só foi fechado em junho daquele ano, depois de 24 reforços. O pacotão foi responsável pelas contratações de Zé Roberto e Dudu, que viraram ídolos e símbolos da retomada do Verdão no caminho dos títulos. Também chegaram Vitor Hugo, Arouca, Cleiton Xavier, Robinho, Alecsandro, Rafael Marques, Barrios, entre outros. O time paulista foi vice-campeão estadual e levou a Copa do Brasil.

Fluminense – 2016

Em 2016, o Fluminense não esperou o início do ano para dar um gás no elenco. O pacotão do Tricolor carioca aconteceu no meio do ano. Foram seis contratações entre 20 de junho e 19 de julho. Reforços eram pedidos pela torcida.

A diretoria aproveitou o aniversário de 114 anos do clube, em 21 de julho, para apresentar quatro dos então novos jogadores. As novidades foram Henrique Dourado, Marquinho, Danilinho, Alexis Rojas, Wellington e Claudio Aquino.

Athletico-PR – 2022

O pacotão mais recente desta lista aconteceu em 2022, com o Athletico-PR. Foram seis reforços apresentados para a temporada: Pablo, Marlos, Vitor Bueno, Matheus Fernandes, Hugo Moura e Bryan García.

O então diretor Ricardo Gomes, na apresentação, colocou a expectativa no alto: “São seis jogadores de alto nível. O ano promete pela qualidade dos reforços”, disse. Quem também havia chegado ao clube era o diretor Alexandre Mattos. O time chegou na final da CONMEBOL Libertadores, mas ficou com o vice após perder por 1 a 0 para o Flamengo.