Em meio à crise exposta por Luis Suárez entre Marcelo Bielsa e os jogadores, a seleção do Uruguai entra em campo nesta sexta-feira (11), contra o Peru, às 22h30 (de Brasília), no Estádio Nacional, em Lima, pelo fechamento da nona rodada das eliminatórias sul-americanas.
A dúvida é como será a postura da Celeste depois da “treta” entre Bielsa e jogadores ser escancarada. Aposentado da seleção em setembro, Suárez criticou o lado humano do treinador e lembrou alguns episódios que agitaram os bastidores.
O desabafo do ídolo incentivou outros jogadores a falarem sobre a relação conturbada com Bielsa, como o goleiro Sergio Rochet, do Internacional, o meia Federico Valverde, do Real Madrid, e o atacante Cannobio, do Athletico-PR. Todos deram razão a Luisito.
De acordo com a publicação do jornal El País, nesta quarta-feira (9), uma reunião foi realizada entre as lideranças da equipe e a direção da Federação Uruguaia de Futebol para tratar da relação com o treinador.
Essa, porém, não é a primeira vez que Marcelo Bielsa se envolve em uma polêmica. Muito pelo contrário. O treinador acumula “tretas” durante os mais de 30 anos de profissão. A ESPN listou abaixo alguns episódios marcantes:
Granada para a torcida
Quando treinava o Newell’s Old Boys, da Argentina, Bielsa estreou na Libertadores de 1992 com uma derrota por 6 a 0 fora de casa para o San Lorenzo, resultado que enfureceu torcedores do clube.
Cerca de 20 fanáticos foram até a casa do treinador de madrugada e exigiram ser recebidos pelo técnico. Bielsa apareceu na porta, mas com uma granada nas mãos. “Se vocês não saírem agora, vou puxar o pino”.
Os barras bravas, claro, saíram imediatamente. “Imaginávamos que ele nos enfrentaria com uma espingarda, não uma granada”, disse um dos torcedores presentes ao protesto à revista Kaiser. “Havia um brilho de loucura nos seus olhos”.
Briga com Chilavert
Bielsa assumiu em 1997 e, claro, não poderia evitar um conflito com o mais polêmico jogador do elenco, o então goleiro paraguaio José Luiz Chilavert.
Após uma derrota, o técnico chamou seus jogadores de covardes no vestiário, atitude que foi repreendida por Chilavert, capitão e líder daquele elenco. Os dois discutiram rispidamente até Bielsa afastar o jogador.
Tempos depois, os dois se fecharam em uma sala e apararam as arestas, a ponto de Chilavert passar de desafeto a defensor de Bielsa, mesmo depois de não trabalharem mais juntos no Vélez.
Acusação de agressão no Athletic
Em 2012, Marcelo Bielsa se envolveu em uma discussão com um funcionário da empreiteira que estava construindo o novo CT do Athletic Bilbao, que o acusou de agressão.
“Me indignei porque ele não reconhecia o evidente. Me expressei de maneira ofensiva e ele me contestou com a mesma agressividade, como não poderia ser. Disse que saísse e o expulsei dali. Quando saiu, disse que eu havia o agredido e iria reclamar, mas não fez nenhuma denúncia policial”, disse o técnico.
Mais tarde, o Athletic repreendeu Bielsa publicamente e pediu desculpas ao funcionário, dizendo ainda que não compartilhava da “opinião pessoal e objetiva expressada por Marcelo Bielsa a respeito do desenvolvimento das obras”. Sua saída aconteceu meses depois.
Pedido de demissão antes de assumir
Bielsa não tem muito apego a empregos. Por várias vezes, ele pediu demissão de lugares ou não abriu mão de suas convicções até que saísse. Mas, em 2016, ele se superou ao se demitir da Lazio apenas dois dias depois de ser anunciado.
O argentino chegou até a entregar uma lista de reforços, que esperava que fossem contratados antes da pré-temporada. E foi justamente esse o problema: dois dias após ser anunciado com pompa, Bielsa disse que o clube não contratou ninguém que ele pediu.
Um dos nomes que estava na suposta lista de Bielsa era Rodrigo Caio, então zagueiro do São Paulo e que seria campeão olímpico com a seleção no Rio de Janeiro. O técnico também observava Alexandre Pato.
Dispensa por SMS
No Lille, reza a lenda que Bielsa usou uma maneira incomum para dispensar 11 jogadores: mensagens de celular. Entre os que perderam espaço estavam o atacante português Eder, autor do gol do título da Eurocopa de 2016, e o capitão do time, Rio Mavuba.
Outra versão é que o técnico, que havia acabado de chegar ao Lille, reuniu 12 jogadores em seu quarto dia de trabalho e apenas anunciou, em espanhol. “Muito bem, pessoal, não quero contar com vocês. Obrigado e adeus”.