Aos 28 anos, Jean Silva vive o melhor momento da carreira no MMA. Neste sábado (13), em San Antonio, Texas (EUA), o brasileiro encara Diego Lopes na luta principal do Noche UFC e pode se aproximar do tão sonhado cinturão dos penas. Mas antes de saborear a fama, o catarinense escreveu alguns capítulos difíceis na vida.

Natural de Foz do Iguaçu, no Paraná, Lord teve uma infância bastante complicada e contou muito com o apoio de sua esposa, Carol, para encontrar o seu caminho de sucesso nas artes marciais mistas.

Em entrevista à ESPN, a sensação brasileira do MMA revisitou o seu passado e lembrou até mesmo o sonho, assim como muitos no país, de ser jogador de futebol, passando pelos “bicos” como motoboy e até mesmo camelô nas ruas de Florianópolis após a mudança para Santa Catarina.

Sobre o gosto pela luta, Jean foi influenciado pela mãe, a sua grande referência, que era boxeadora. Depois da nobre arte, ele migrou para o MMA.

“Minha mãe era boxeadora, então tudo começou aí. Mas como toda criança, o futebol encanta primeiro, só que o futebol não deu muito certo, na minha primeira aula eu acabei batendo em um moleque. Aí comecei a gostar de brigar na rua, na escola, uma vez eu passei em frente a uma academia de muay thai e decidi entrar para ver como era e pedi para lutar. O cara falou para eu fazer uma aula experimental”, lembrou.

“Eu fiz e voltei no outro dia, e o cara me falou ‘tem que acertar a mensalidade’, e eu falei ‘como assim? Eu não tenho dinheiro para pagar, achei que fosse de graça’. Eu tinha 14 anos, e falei para o cara que eu limpava a academia dele para poder treinar, o cara achou isso engraçado para um moleque tão novo, uma criança, achou legal, deu um jeito de falar com a minha mãe. Ela disse que não tinha mesmo condições de pagar e eu fui treinar e limpar a academia do cara. Fiz a minha primeira luta, quebrei um cara na porrada, me apaixonei e estou até hoje batendo em todo mundo (risos)”, prosseguiu.

Se hoje o brasileiro ostenta carros e roupas de luxo, muito foi motivado por aquilo que passou na infância. E Jean lembrou de uma das passagens que ficaram marcadas na sua vida.

“Acho que eu tinha 11, 12 anos, e eu invadi um hotel uma vez para tomar banho de piscina, e a polícia me pegou e me levou para casa. A gente morava em uma casinha de madeira, eu estava chorando e falei ‘mãe, um dia eu vou te dar uma casa com piscina e eu sempre vou tomar banho na sua piscina, nunca mais vou invadir piscina nenhuma’. Isso ficou marcado no meu coração até hoje, saber que eu estou fazendo tudo isso acontecer é mostrar que vale a pena você se dedicar pelo amor que você tem pelas coisas”, lembrou.

“Quando eu trabalhava vendendo camiseta na rua, eu ia trabalhar feliz, a minha esposa vinha para São Paulo comprar camiseta e eu vendia em Florianópolis na rua, eu batia de porta em porta para vender essas camisetas para poder treinar. Eu trabalhava na obra, botando piso no teto de madrugada. Depois eu trabalhei de motoboy até me acidentar e quase morrer. Todas essas coisas eu fiz muito feliz, com muito carinho, amor e sabedoria”.

“Eu sabia que tudo isso aqui iria acontecer, eu tenho isso escrito no meu caderno, o meu futuro, o presente, eu reescrevo o passado que eu tive de uma forma delicada, mas de uma forma leve com tudo o que aconteceu. Eu me preparado para tudo, tanto para as coisas boas quanto as ruins. Falando de infância, de carreira, do Jean e da minha vitória sobre o Diego Lopes, eu posso dizer que eu sou um cara apaixonado pela minha vida”.

Jean Silva fez a sua estreia no Ultimate em 2024, após assinar o seu primeiro contrato pelo Contender Series. Desde então, o brasileiro vem de cinco vitórias em sequência e, se vencer Diego Lopes, deve ganhar uma chance de lutar com Alexander Volkanovski pelo cinturão dos penas.