Faltava apenas um dia para a final da Copinha contra o Corinthians quando Paulinho finalmente teve a confirmação: ele seria titular do São Paulo na decisão de sábado (25). O camisa 28, reserva da equipe, viu a vaga cair no colo quando Ryan Francisco, destaque da competição e xodó da torcida, levou um cartão contra o Criciúma, na semifinal, e ficou suspenso.
Paulinho foi para o jogo no Pacaembu. Mais do que isso: virou herói. Foram dele dois dos três gols da virada são-paulina, o primeiro e o último, que garantiram o título da competição de base mais tradicional do futebol brasileiro. De um dia para o outro, o atacante viu a vida mudar. Tirou fotos, foi reconhecido, ‘tietado’ por Arboleda… Uma loucura, como ele mesmo definiu, em entrevista exclusiva à ESPN.
Aos 19 anos, o jovem agora vai curtir as férias na pequena cidade de Piranhas, no sertão de Alagoas, onde nasceu. Ele ainda não sabe se vai voltar para o sub-20, se vai para o profissional ou como será a carreira daqui para frente – mas espera aproveitar o momento.
“Quando o Ryan Francisco tomou o cartão amarelo, eu tinha muita certeza [que seria titular]. Não sabia ainda, mas tinha muita certeza que poderia entrar no lugar dele, porque faço a função. Assim que acabou a semi já estava pensando na final. Confesso que comemorei pouco [a classificação]. Acabou o jogo, comemorei, mas depois já estava totalmente concentrado na final”, contou.
“Um dia antes da decisão, no treino, foi um pouco angustiante, porque fomos para o aquecimento e depois o treinador passou entregando os coletes para os titulares. Eu fiquei olhando de canto de olho, só esperando. Quando me deu o colete, já falei: ‘Vou ser titular’. Fiquei feliz para caramba, a felicidade foi a mil”, completou.
Dos nove jogos do São Paulo na Copinha, Paulinho foi titular em apenas dois. Além da final, esteve entre os 11 iniciais na segunda rodada da fase de grupos, quando marcou um gol e deu uma assistência na vitória por 7 a 0 contra o Picos. Ele entrou em campo em todos os duelos, terminando o torneio com três gols e duas assistências.
“O nervosismo estava grande [para a final]. Eu gosto de ver uma série [para distrair], ficar vendo vídeo, podcast… Tentei fazer isso, mas mesmo assim não conseguia. Conversei bastante com minha mãe e meu irmão. Eles me passaram muita confiança”, revelou.
Deu certo. O Corinthians abriu 2 a 0, mas o São Paulo virou para 3 a 2. Um feito histórico.
“Ainda não caiu a ficha. Recebi muitas mensagens. Parece que estou lá no Pacaembu ainda”, disse Paulinho.
Os campeões, como homenagem, foram ao Morumbi no domingo (26) para assistir a mais um clássico contra o Corinthians: dessa vez do time profissional, pelo Campeonato Paulista, que terminou com outra vitória do Tricolor: 3 a 1.
“Quando a gente estava indo para as cadeiras, fiquei uns 10 minutos tirando fotos [com torcedores]. Nunca tirei tanta foto na minha vida. Nunca tinha passado por esse momento de o pessoal pedir foto, vídeo. Foi muito legal. Fiquei feliz, até contei para minha mãe que fui reconhecido. Muito são-paulino me agradecendo, falando que chorou na hora do gol”, contou o atacante.
“Já tínhamos ido para uma churrascaria depois da final. Estava lotada. O pessoal todo batendo palma para a gente. Tiramos muitas fotos”, seguiu.
“Foi muita loucura, era mensagem, pessoal me agradecendo. Quando eu estava vindo de uma entrevista, o motorista me deixou em casa e falou que estava no jogo, que ficou emocionado, pediu vídeo, foto. De um dia para o outro estava tirando foto igual louco. Fui ao CT pegar algumas coisas, o pessoal todo me parabenizando, o segurança, pessoal que trabalha lá. Eu fui de Uber. O Uber me pediu foto”, completou.
A tietagem não veio apenas da torcida. O zagueiro Arboleda também teve seu momento de “fã”.
“O Arboleda respondeu meu story [nas redes sociais]. Me parabenizou pelo título. Pedi a camisa dele, fiquei de pegar depois do jogo, mas não consegui ver o segundo tempo e não peguei”, revelou.
Paulinho ainda pode ter outras oportunidades de pedir uma camisa a Arboleda. Durante a Copinha, ele foi um dos jogadores sub-20 que subiram ao profissional para o confronto contra o Botafogo-SP, no último dia 20, pelo Paulistão. O atacante não entrou em campo, mas comemorou muito a primeira chance no time principal.
“Quando o São Paulo avisou que iriam alguns jogadores da Copinha [para o jogo do profissional] eu fiquei bastante ansioso: ‘Será que eu vou, que não vou?’. Quando colocaram meu nome eu fiquei muito feliz. Lá é outra vibe, profissional não tem nem explicação. Só de estar no banco, convivendo com os caras, vivendo esse momento, fiquei muito feliz”, relembrou.
“Eu estava no banco, aquecendo, e confesso que o coração nunca bateu tão forte quanto naquele jogo. Estava louco para entrar, mas ao mesmo tempo nervoso. Não pude jogar, mas creio que durante o ano vou ter oportunidade de estrear, se Deus quiser. É o objetivo”, concluiu.
Outro motivo para comemorar é ter escapado do tradicional trote que os jogadores experientes costumam fazer com os mais novos.
“Os caras queriam raspar nosso cabelo. Mas acho que ali no jogo, na adrenalina do vestiário, esqueceram. Quando acabou a partida, a gente foi a Araraquara para jogar a semifinal [da Copinha] e viemos no ônibus falando: ‘Ainda bem que os caras esqueceram, passar as férias com o cabelo raspado não dá’. A gente foi dando risada”, brincou.
O herói do São Paulo na final da Copinha tem grandes planos para o futuro: depois de virar profissional, quer atuar na Europa, ser convocado para a seleção brasileira e disputar uma Copa do Mundo. Mas, por enquanto, a ideia é mais simples.
“Estou indo para a minha cidade agora. Quando chegar lá, vai ser outra festa. Meus tios, minhas tias, meus avós e amigos vão todos lá me ver. Vão ficar muito feliz por mim, por estar vivendo esse momento”, finalizou.