Neste domingo (19), o meia Paulo Henrique Ganso, do Fluminense, se manifestou pela primeira vez após ser diagnosticado com uma pequena miocardite (inflamação do músculo do coração) durante os exames de pré-temporada da equipe.

Em sua conta no Instagram, o craque agradeceu as mensagens de apoio que vem recebendo e mostrou fé em sua rápida recuperação.

“Passando para agradecer a todas as mensagens de carinho, apoio e força! Deus já cuidou de cada detalhe, desde o diagnóstico até a cura”, postou.

A mensagem de Ganso recebeu respostas de vários jogadores, ex-atletas e personalidades da mídia, que desejaram força ao meia.

Um dos mais efusivos foi o recém-aposentado Felipe Melo, que demonstrou seu total apoio ao ex-colega de equipe.

“Clamo ao rei dos reis, o médico do médicos, Jesus, para que não passe de um susto. Profetizo que voltarás ainda melhor, meu querido Ganso. Deus te abençoe, irmão”, escreveu, também no Instagram.

Segundo o Fluminense, o jogador não apresenta nenhum sintoma de miocardite, mas ficará afastado das atividades físicas como parte do tratamento e estará sob os cuidados do departamento médico tricolor.

Ganso deve ser reavaliado em quatro semanas, e, a depender do resultado, poderá retornar normalmente às atividades da equipe carioca.

O que é miocardite?

Segundo a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), trata-se da inflamação da camada média do músculo cardíaco (miocárdio), responsável direto pelo bombeamento de sangue para os órgãos.

Ela é diagnosticada por critérios histológicos, imunológicos e imuno-histoquímicos, podendo ser causada por agentes infecciosos, como vírus, bactérias e protozoários, além de motivos não-infecciosos, como uso de remédios, drogas ou exposição a radiação, e até mesmo por reações autoimunes.

Ao todo, existem três tipos de miocardite, que são:

  • Infecciosa: provocada por vírus (como os da influenza A, da caxumba e da hepatite C), bactérias, fungos, protozoários e parasitas, entre outros agentes infecciosos;

  • Imunomediada: aquela em que mecanismos autoimunes levam à inflamação do miocárdio;

  • Tóxica: induzida por drogas como anfetaminas, cocaína e lítio; por metais pesados (cobre, ferro e chumbo); por hormônios; e por agentes físicos, como exposição a radiação e choques elétricos;

Ainda de acordo com a SBC, a condição pode resultar em alterações temporárias no coração – até mesmo permanentes nos casos mais graves.

A doença pode apresentar-se de forma aguda, crônica ou fulminante. A inflamação pode comprometer a capacidade do coração de bombear sangue, levando à insuficiência cardíaca.

Em alguns casos, a miocardite pode ser assintomática e regredir espontaneamente. Em outros mais graves, pode apresentar os seguintes sinais: dor no peito; fadiga; inchaço nas pernas, nos tornozelos e nos pés; dificuldade para respirar ou mesmo falta de ar em repouso ou durante a realização de alguma atividade; arritmia; sensação de cabeça “leve” ou de desmaio iminente; além de sintomas semelhantes aos da gripe, como dor de cabeça, no corpo ou nas juntas, febre e dor de garganta. Por vezes, os sintomas da miocardite são semelhantes aos de um ataque cardíaco.

A conduta terapêutica para a miocardite geralmente envolve cuidados de suporte e o tratamento convencional utilizado em casos de insuficiência cardíaca, como medicamentos para o coração, vasodilatadores e diuréticos.

Segundo a SBC, a maior parte das pessoas que experimenta um episódio de miocardite melhora com repouso, medicação e evitando exercícios de alta intensidade enquanto o coração se recupera.

Em alguns casos, porém, a miocardite pode durar mais tempo, retornar ou levar à insuficiência cardíaca crônica.

Quando Ganso poderá voltar?

O futuro de Paulo Henrique Ganso ainda é incerto. No entanto, é fato que o possível regresso do meio-campista aos gramados vai inspirar muitos cuidados.

Segundo a Dra. Thaysa Louzada, médica cardiologista e ecocardiografista do Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese, em São Paulo, um retorno à atividade esportiva antes da recuperação total da miocardite pode complicar ainda mais a situação do meio-campista.

“Em atletas profissionais que tiveram miocardite, retomar a atividade esportiva antes da recuperação total pode apresentar riscos graves. Isso inclui arritmias, insuficiência cardíaca e recorrência da miocardite”, explicou a médica, em contato com a ESPN.

“O coração pode não estar totalmente curado, e o esforço físico pode sobrecarregar o órgão, causando complicações. Por isso, o retorno aos treinos deve ser gradual e supervisionado por um cardiologista, com base em exames para garantir que o coração está seguro para atividades intensas”, acrescentou.

De acordo com Thaysa, os especialistas da área não possuem um consenso sobre qual é o tempo de espera ideal para a retomada das atividades físicas. Isso irá depender dos próximos exames realizados por Ganso.

“Não há consenso sobre a duração exata desse período, mas anteriormente recomendava-se um mínimo de seis meses após o início dos sintomas”, ressaltou.

“Atualmente, alguns especialistas sugerem períodos mais curtos, dependendo de alguns fatores, como: ausência de sintomas, função do coração preservada, ausência de arritmias no holter e teste ergométrico, biomarcadores do coração normais e avaliação com exames de imagem como ecocardiograma e ressonância cardíaca”, finalizou.

Veja o comunicado do Fluminense sobre Ganso

O Fluminense FC informa que o meia Paulo Henrique Ganso foi diagnosticado com uma pequena miocardite (inflamação do músculo do coração), durante os exames de pré-temporada da equipe.

Sem qualquer sintoma, o atleta ficará afastado das atividades físicas, como parte do tratamento, estará sob os cuidados do departamento médico do clube e voltará a ser examinado em quatro semanas.

Caso não seja mais detectada a condição clínica, poderá voltar normalmente aos treinos.

A miocardite foi adquirida recentemente, pois não havia sido detectada nos exames realizados no período de seis anos em que está no Fluminense.

O mais provável é que seja em decorrência de uma gripe muito forte que o atleta teve em novembro.