O sábado (15) será especial para um brasileiro no UFC. Em Las Vegas, Gregory Rodrigues, o Robocop, estrela o primeiro main event no Ultimate e encara Jared Cannonier, pelos médios. A expectativa já está lá em cima para o lado do estreante.
Em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br, Robocop, que vem de três vitórias em sequência na divisão, disse o que espera do combate com Cannonier, que já disputou o cinturão dos médios, e revelou os bastidores que antecederam a luta.
“Estou muito feliz de estar aqui. Para mim é muito gratificante estar no UFC, acredito que seja o sonho de todo lutador profissional. Mas também tenho sempre os meus pés no chão, acredito que isso é fruto do meu trabalho, de tudo o que eu venho fazendo, de tudo o que apresentei para o UFC. Isso mostra como o UFC me vê. Foi a união das duas coisas: de um bom trabalho sendo feito e do reconhecimento do UFC, me dando essa luta. Agora essa é a luta da minha vida, mas se não tivessem as outras, eu não teria chegado. Estou com bastante expectativa, sem peso nenhum”, começou por dizer, para depois analisar o rival.
“Nunca vou menosprezar os meus adversários. O Cannonier tem uma história dentro do UFC, já lutou pelo título, foram cinco main events nas últimas cinco lutas, então é um cara com bastante experiência. Mas eu também sei quem sou, sei do meu potencial, aonde quero chegar. Eu nunca entro em uma luta ‘vou nocautear esse cara em tal round, vou fazer isso…’. Eu entro para lutar round a round, serão cinco rounds, então vou ter dois rounds extras para colocar todo o meu trabalho, tudo aquilo que eu treinei para buscar a vitória, mas com certeza estou pronto para nocautear, finalizar”, prosseguiu.
A tática para o combate, por sinal, está traçada.
“Acredito que esse seja o melhor caminho (finalização), é o que me trouxe até aqui e, com certeza, acabar com as lutas vai me levar aonde eu quero chegar, que é o cinturão. Vou procurar todas as oportunidades para acabar com ele, para finalizar essa luta, nocauteá-lo, para arrancar a cabeça dele. O camp foi perfeito, tive bastante tempo para treinar. Peguei um pouco das festas de fim de ano, mas fiquei completamente focado. Todo o meu time, o Vicente (Luque), Durinho, todos os meus parceiros de treino comigo do meu lado, dando todo o suporte, dando tudo aquilo que eu precisava para eu estar pronto para essa luta”.
Segundo o brasileiro, além de Cannonier quase ter dado para trás para fechar a luta, tendo recusado uma primeira investida, Paulo Borrachinha e Roman Dolidze também “fugiram” dele.
“Vários caras não quiseram lutar. Primeiro o Borrachinha não quis lutar, chamei, ele não quis, não apareceu, ficou aí off, não sei qual foi o problema dele (risos). Eu não tenho nada contra o Borrachinha, não é um cara duro, mas é um cara que fazia muito sentido uma luta, mas agora estou com uma luta melhor, que é o Cannonier, está mais bem ranqueado, então o Borrachinha já ficou para trás. Depois o Cannonier ficou um tempo sem responder, respondeu que talvez não teria tempo suficiente para se preparar, aí me ofereceram o Dolidze para um main event no mês passado (janeiro). Eu aceitei, o Dolidze não quis, saiu também. O Cannonier voltou atrás e aceitou a luta. Todo mundo fica meio preocupado, mas não vai ter para onde correr, quando eu entrar ali vai ter muita lenha para queimar ainda”, disse.
Robocop também falou sobre as movimentações na divisão, com muitas lutas acontecendo em sequência, e que espera poder integrar o ranking dos médios.
“A categoria está, sim, movimentada, tem muita coisa acontecendo. O bom é que estou nesse meio aí logo no começo do ano, então ainda dá para aproveitar muita coisa até o final do ano. Estou bem empolgado com tudo o que está acontecendo, eu gosto de estar ali entre os melhores, e tem muito cara bom e duro para lutar, muita luta boa para fazer. Agora é paciência, continuar fazendo o meu trabalho e, com certeza, eu sou um cara que o UFC gosta, busco finalizar as lutas. De 2021 para cá, eu sou o peso-médio com mais nocautes e nesse sábado com certeza eu vou aumentar esse número. Eles gostam de quem finaliza a luta, de quem acaba a luta. Eu vou colocar o meu nome ali, e os tops já estão de olho”.
Adesanya? Whittaker?
Em relação aos rivais que pode ter pela frente após encarar Cannonier – e se tudo correr como esperado com vitória –, Robocop afirmou que não descarta enfrentar nomes conhecidos da divisão, como Israel Adesanya e Robert Whittaker, que estão em baixa nos médios neste momento.
“Eu não descarto nenhum nome (Adesanya ou Whittaker), não descarto ninguém. Eu estou olhando para cima (do ranking), então todos os caras de cima são uma luta em potencial. Mas agora o meu foco total está no Cannonier, fazer o meu trabalho, pegar o que é meu, e aí eu vou falar quem eu quero na próxima. Espera aí, já falta pouco (para eu revelar quem eu quero)”, disse.
Integrante da Kill Cliff FC, academia na Flórida (EUA), onde treina ao lado de outros brasileiros como Gilbert Durinho e Vicente Luque, Gregory ainda falou sobre a possibilidade de voltar a treinar com Alex Poatan e retomar a parceria com o compatriota, atual campeão dos meio-pesados, uma vez que a amizade entre os dois permanece.
“Deu certo, sim (a parceira com o Poatan). Eu moro na Flórida, ele mora em Danbury (Connecticut), é longe, então não dá para ficar ali. Mas eu fui, ajudei ele no camp, tenho muito carinho por ele e pelo próprio Glover (Teixeira). Fiquei duas semanas com eles, foi muito bom para mim, mas eu tenho a minha equipe na Flórida, os meus parceiros de treino. Mas não descarto nunca (retomar a parceria), eu gosto de treinar, de treinar com pessoas novas, assim como fui lá e aprendi muito com ele e com o Glover. No futuro, quem sabe, eu volte lá ou ele venha para a Flórida também. A gente mantém contato, é meu amigo”, finalizou.