Lenda do tênis brasileiro, Gustavo Kuerten se rendeu a João Fonseca. Durante um evento no Rio de Janeiro para celebrar os 25 anos do bicampeonato em Roland Garros, quando se tornou número 1 do mundo no tênis, Guga afirmou que a joia pode ter o mesmo destino.
Aposentado desde 2008, o ex-tenista elogiou a evolução de João, que foi campeão do ATP de Buenos Aires, onde até então ele tinha sido o último brasileiro a conseguir a conquista, há 24 anos. E fez, inclusive, comparações entre o brasileiro e Carlos Alcaraz, que teve uma rápida ascensão como número 1 do mundo.
“Essas experiências agora, como foi entrar pela primeira vez aqui (no Rio Open) com pretensões, porque no ano passado ele jogou muito solto, o que viesse era lucro, praticamente um desconhecido para muita gente. O potencial que o João apresenta nas quadras a gente já evidencia há mais de dois anos e é fruto de um trabalho bem elaborado, além do garoto que sai batendo na bola e começa a acertar tudo. Aconteceu comigo. Ele está com 18 anos, talvez 12 ou até mais anos de trabalho, suor e dedicação de várias pessoas que estiveram ali. E demonstrou uma capacidade de evolução extraordinária, que se destaca entre os melhores do mundo, por isso chama a atenção de todo. O tênis hoje só fala dele e é contundente porque é algo maravilhoso. Olhar todas as partidas de Buenos Aires e lidar com todas as dificuldades física, mental as emboscadas diversas que ele passou. E vencer um torneio com essa idade é bonito, é admirável, por ser nosso tem um orgulho ainda maior. Segunda-feira parecia que eu estava pronto para voltar para as quadras (risos), que emoção, que legal e divertido. Eu fui para a minha fisioterapia e fiz um treino sensacional porque motiva muito, é inspirador”, disse.
“Claro, precisa, sim, ter pretensão, continuar com esse ímpeto. Para mim já está montado para ser número 1 do mundo, está mais claro, é mais objetivo. Porém, também tem todos os entrelaços, armadilhas e dificuldades que sempre terão. E vai ter que passar por isso. Elas acontecem de uma forma, talvez a única, que eu vi com o (Carlos) Alcaraz, que foi número 1 por diversos fatores. O próprio Djokovic não jogou alguns torneios. É muito raro e, mesmo assim, o João tem alguns números que quando faz a comparação eu até falei ‘quem bom, não precisa dessa comparação comigo’, já é mundial, é uma atenção mundial. Sempre pesos que favorecem ele a jogar mais à vontade, outros que precisa lidar a aprender. E agora entender esse papel da figura, do ídolo, da emoção toda de entrar em quadra. Mas o que define é ainda a rotina, de querer um pouco mais, de trabalhar, ser número 5 e continuar querendo evoluir e disputar com jogadores que às vezes parecem que são inalcançáveis. Eu era 3 do mundo e via o Sampras como intocável, isso também é real dentro da cabeça do jogador”, prosseguiu.
“Vai aparecer agora com o João a grande chance de termos um tenista top 10, brigando nos maiores torneios, com chance, sim, de ganhar Grand Slam. Se continuar melhorando é realidade e, possivelmente, estar lá, lutando para ser número 1 do mundo. Isso é fascinante, emociona. Tomara que se concretize, mas os números indicam, as experiências até aceleram demais, essa euforia toda, e a vontade, pela própria carência que nós temos, de aparecer mais e mais ídolos. Nós devemos ajudá-lo e dar condições para continuar crescendo”.
Guga também relevou a queda precoce de João Fonseca no Rio Open, logo na estreia, e avaliou o revés como parte do projeto para a evolução do tenista de apenas 18 anos.
“O projeto está super redondo. (A derrota na primeira rodada do Rio Open) Foi uma situação normal, porque ele tinha jogado a final de Buenos Aires pouco tempo antes. Surpreende a forma como o João acelerou o processo de desenvolvimento. Temos algo muito especial. É momento de olhar com carinho, torcer demais e ajudá-lo a evoluir de várias formas. Para algumas pessoas, é um fenômeno, mas tem muita coisa legal acontecendo por trás”, disse.
Neste momento João ocupa o posto de número 66 no ranking da ATP e se prepara para voltar a competir no Masters 1000 de Indian Wells, marcado para a primeira semana de março.
Lenda do tênis brasileiro concedeu entrevista coletiva nesta sexta-feira (21) durante o Rio Open