A escalação para visitar o Allianz Parque era uma declaração de intenções e uma resposta a um dilema permanente entre candidatos a troféus no Brasil: o que fazer quando é necessário escolher entre o Campeonato Brasileiro e a CONMEBOL Libertadores? Artur Jorge não escolheu; mandou a campo um time que poderia tranquilamente representar o Botafogo no próximo sábado, em Buenos Aires, numa semana de duas finais.

A primeira o Botafogo venceu com bola, coragem e – importante frisar – com a mentalidade necessária para derrotar o então líder do campeonato em seu estádio e se tornar dono do próprio destino.

Foi possível notar uma dose de ansiedade no comportamento dos jogadores botafoguenses nos trechos iniciais, o que pode se considerar natural por causa da importância da ocasião e do último recorte de desempenho do time ao desperdiçar pontos e perder, momentaneamente, a primeira posição. Chances palmeirenses com Gustavo Gómez e Rony poderiam dar ao jogo – e ao campeonato? – um rumo diferente, mas o placar não registra gols perdidos.

A jogada ensaiada em cobrança de escanteio, aos 18 minutos, é o lance que abrirá os relatos da noite que posicionou o Botafogo para ser campeão brasileiro pela primeira vez desde 1995. Almada achou Gregore na área em condições de finalizar de primeira e, assim, avisar a quem estivesse prestando atenção que a ideia era viajar para a Argentina com as melhores sensações possíveis.

A noite também será lembrada pelos problemas que caracterizaram a temporada do Palmeiras, ainda que a mobilização para disputar o título mereça elogios. A agressividade está presente, a competitividade quase nunca falta, mas a taxa de conversão de oportunidades não é compatível com o que o bicampeão brasileiro almeja.

Ademais, em jogos de alto perfil como o desta terça-feira, as ferramentas estratégicas que o time dirigido por Abel Ferreira sempre exibiu desapareceram, seja para construir vitórias que pareciam improváveis, seja para encontrar empates que empurram o time adiante. Um ponto diante do Botafogo não seria um xeque-mate no campeonato, mas manteria o Palmeiras com maiores possibilidades de título.

A expulsão de Marcos Rocha, no minuto 25 do segundo tempo, praticamente retirou o Palmeiras do campo. Contra um prodígio da exploração dos espaços, a combinação da derrota parcial com a desvantagem numérica resulta numa sentença irreversível. O segundo gol, dois minutos depois, nasceu num longo lançamento de John na direção da outra área, onde Savarino venceu Weverton com um chute rasteiro.

Alguém poderia lembrar a pane que quase comprometeu a classificação do Botafogo na Libertadores contra o mesmo Palmeiras, preocupação que Adryelson tratou de afastar ao cabecear o 3 x 0. O gol de Ríos, já nos acréscimos, não muda a imagem insuficiente que o Palmeiras deixou quando a recompensa por uma vitória em casa era tão sedutora.

O Botafogo ainda precisa visitar o terceiro colocado, Internacional, talvez o time mais quente dessa reta de chegada do campeonato. Mas isso é para depois de Buenos Aires, a segunda final da semana. O avião que parte para a Argentina nesta quarta-feira terá uma explicação óbvia para o excesso de peso: muitas toneladas de confiança.

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