Ex-árbitro de futebol, Edilson Pereira de Carvalho foi o centro das atenções no escândalo envolvendo a arbitragem do futebol brasileiro em 2005. Por manipular resultados, foi banido do futebol no episódio que ficou conhecido como a ‘Máfia do Apito’.
Quase 20 anos depois do ocorrido, Edilson voltou a falar sobre o tema. Em entrevista ao canal ‘Cartoloucos’, no YouTube, o ex-árbitro desabafou sobre as dificuldades encontradas na vida pessoal nos anos seguintes e revelou ter tentado suicídio em mais de uma oportunidade.
“Já pensei em fazer besteira. Três vezes coloquei o revólver no meu ouvido. Hoje, graças a Deus, não fiz isso. Eu disparei e pegou no teto. Sofri demais durante cinco anos. Fiquei completamente trancado dentro de casa. Precisava continuar com sustento, tenho minha esposa, minha filha. Onde tem gente, eu não vou. O que eu sofri mesmo foi aí… Na procura de empregos. Me deixa em paz, por favor, deixa eu viver. Não é todo mundo santo, os torcedores, ou todo ser humano. Só eu errei nessa vida?”, disse.
“Me arrependo naquela época já. Perdi o distintivo da Fifa, perdi minha carreira, faltavam três anos. Poderia ser comentarista, não sei, porque nunca pensei nisso, não levava jeito para coisa. Pelo menos trabalharia, não sofreria”, completou.
Edilson Pereira de Carvalho não escondeu o clube do coração. Durante a entrevista, revelou ser torcedor do Corinthians e que torceu para o Timão não vencer o Campeonato Brasileiro em 2005, justamente por toda repercussão do escândalo, que cairia ainda mais sobre si.
“Sempre fui, meu pai era corintiano, minha mãe era corintiana, eu ficava ali assistindo. Fanático na televisão. Apitei dezenas de vezes juvenil, juniores e profissional. Nunca influenciei. Teve um jogo em 2004, Corinthians estava para cair para segunda divisão, contra a Portuguesa Santista, no Pacaembu, e perdeu. Eu estava apitando. Mas quem salvou o Corinthians nesse dia foi o Grafite.”
“Apesar de ser corintiano, torci contra o Corinthians. Para não ser campeão. Porque viria tudo contra mim.”
Desde o fim de 2023, John Textor, dono da SAF do Botafogo, deu diversas declarações questionando a arbitragem no futebol brasileiro e até investigando de maneira independente possíveis casos de manipulação.
Para Edilson Pereira de Carvalho, é ‘fácil’ para um árbitro manipular uma partida. Porém, não acredita que os casos estejam acontecendo atualmente no futebol nacional.
“Creio que não (ter árbitro que manipula jogo). Se tivesse, eu falaria com muito prazer. Hoje, está muito mais difícil (manipular). Mas pode acontecer, um dia vai, daqui um ano, dois, três. É fácil, qualquer lance. Até antes do jogo. Naquela época, você pega um jogador famoso, um cai-cai. Você chega, dá amarelo, na outra ele vai se jogar, você dá vermelho. Você expulsa um jogador facilmente do que dar um pênalti. É fácil manipular jogo dentro de campo, o árbitro manipula quando quiser, principalmente quando tem nome, porque jogador respeita muito mais”, disse, antes de afirmar que falta personalidade aos árbitros.
“Falta personalidade hoje para os árbitros. Se no meu tempo tivesse VAR, ou se estivesse apitando hoje, eu apitaria com olho fechado. Tudo que me chamou, é o VAR. Me jogaria atrás do VAR, porque se eu não dou um pênalti, e o VAR chamou… não vou contra o VAR, vou jogá-lo contra todo mundo. O impedimento então é mais fácil ainda para o assistente. Vai levantar todas.”