Quando o Corinthians confirmar a contratação do holandês Depay, o torcedor que quiser comprar uma camisa personalizada do atacante terá de ficar atento. Ele não carrega o sobrenome às costas. Nos uniformes nos clubes e seleção, o jogador usa sempre o primeiro nome: Memphis.

O motivo vem da infância. Ele foi abandonado pelo pai, Dennis Depay, ainda aos quatro anos de idade. A atitude do pai gerou uma mágoa que o jogador carregou por muito tempo.

“Não quero explicar o que acontecia dentro de casa porque não quero ter a pena das pessoas. Seguirei assim porque quero virar a página”, disse, há muitos anos, em entrevista à BBC.

“Essas coisas são parte da minha vida. Não é parte do futebol. Eu tenho uma vida além do futebol. Já passei por pequenas situações. Isso me faz forte”, afirmou.

O atacante também citou que “nunca perdoaria” o pai. Ao longo do tempo, porém, mudou de opinião.

Em uma publicação nas redes sociais em 2020, Memphis Depay disse que ele e o pai se juntaram para “resolver coisas de anos atrás”. “Agora mais do que nunca precisamos encontrar amor e força um no outro”, escreveu.

Ele já disse que perdoou o pai, a quem classificou como um cara “que não é mau”. O holandês acredita que a situação o ajudou a entender como ser um bom pai e o que não fazer.

Vida e carreira de Memphis Depay

Nascido na pequena cidade de Moordrecht, Memphis Depay passou pelas bases de Moordrecht e Sparta Rotterdam antes de chegar ainda garoto ao gigante PSV Eindhoven, em 2006.

No tradicional clube alvirrubro, ele subiu desde o sub-13 até as categorias mais elevadas, sendo promovido ao elenco profissional na temporada 2011/12 – e já fazendo 5 gols em 11 jogos.

No ano seguinte, ele já começou a arrebentar no clube, sendo decisivos na conquista de um Campeonato Holandês, uma Copa da Holanda e uma Supercopa da Holanda.

Após registrar 49 gols em 124 partidas pelo PSV, Depay foi vendido ao Manchester United em 2015/16 por 34 milhões de euros, alcançando o estrelato mundial.

Sua passagem pelos Red Devils, porém, foi marcada por problemas dentro e fora de campo, com desempenho muito ruim: apenas 7 gols e 3 assistências em 45 jogos.

Com isso, o clube inglês resolveu tomar prejuízo e vendeu Memphis ao Lyon já na temporada seguinte, por apenas 16 milhões de libras.

Na França, o holandês reencontrou o bom futebol e fez cinco ótimas temporadas pela equipe, especialmente entre 2017 e 2019.

Ao todo, foram 76 gols e 54 assistências em 178 duelos pelo clube da Ligue 1, faltando apenas um título para encerrar sua passagem com chave de ouro no Lyon.

Em 2021/22, após o final de seu contrato, Depay assinou de graça com o gigante Barcelona, tendo mais uma oportunidade em um dos titãs do futebol europeu.

Novamente, porém, o desempenho de Memphis ficou abaixo do esperado, com diversas contusões e mais episódios extracampo que minaram sua passagem pelo Camp Nou.

Ao todo, foram 14 gols e 2 assistências em 42 aparições com o manto blaugrana.

O holandês ainda fez parte das conquistas de LALIGA 2022/23 e da Supercopa da Espanha 2023, mas acabou deixando o Barça já em janeiro de 2023 para ir ao Atlético de Madrid por só 3 milhões de euros.

Os velhos problemas voltaram a se repetir, e Memphis rescindiu com os colchoneros em maio deste ano, encerrando sua rápida passagem por Madri com 13 gols e 3 assistências em 40 partidas.

Com a seleção holandesa, Depay registra 46 gols em 98 jogos. Ele é o maior artilheiro da história da Oranje, atrás só do lendário Robin van Persie, que fez 50 tentos.

Com a equipe laranja, ele foi campeão da Eurocopa sub-17 de 2011 e fez parte de campanhas históricas, como o 3º lugar na Copa do Mundo 2014 e a semifinal da Eurocopa 2024.

Fora dos campos, Memphis ainda é conhecido por sua personalidade extravagante e por se arriscar no mundo da música, tendo inclusive uma “carreira paralela” como cantor de hip-hop.