“Camisa pesada” é um termo banalizado e muitas vezes usado de maneira até exagerada no futebol. Mas Real Madrid e Barcelona podem, sim, se apossar da expressão sem remorso algum.
Prontos para mais um El Clásico válido por LALIGA, em partida marcada para este sábado (26), às 16h (de Brasília), com transmissão ao vivo do Disney+ Premium, os dois rivais possuem as camisas mais valorizadas do planeta em termos de patrocínio, algo que a maioria dos clubes brasileiros só podem sonhar em atingir.
Para estampar apenas três marcas em seu uniforme principal (Fly Emirates, HP e Adidas), o Real Madrid embolsa 247 milhões de euros, o que representa R$ 1,52 bilhão na conversão atual. O Barcelona aparece abaixo, mas ainda assim com 175 milhões de euros (R$ 1,08 bilhão) ganhos apenas com Nike e Spotify.
Veja o faturamento de Real Madrid e Barcelona com patrocínios:
Real Madrid – 250M de euros (R$ 1,52 bilhão)
Fly Emirates (máster): 70 milhões de euros (R$ 375 milhões)
HP (manga): 70 milhões de euros (R$ 375 milhões)
Adidas (fornecedor): 117 milhões de euros (R$ 630 milhões)
Barcelona – 175M de euros (R$ 1,08 bilhão)
Nike (fornecedor): 105 milhões de euros
Spotify (máster) : 70 milhões de euros
Tais valores são tão impressionantes que superam até mesmo o faturamento total da maioria esmagadora de times do Brasil. O único que fatura mais do que as camisas sozinhas de Real Madrid e Barcelona é o Flamengo.
Time de maior torcida do país, o Rubro-Negro fechou 2023 com R$ 1,374 bilhão de renda somando absolutamente todas as fontes – de patrocínios a vendas de jogadores, bilheteria e premiações por campeonatos. Foi o quarto ano consecutivo que os flamenguistas comemoraram um faturamento bilionário, o que ainda não é realidade para os demais times.
Veja o faturamento dos principais times do Brasil em 2023:
Flamengo: R$ 1,374 bilhão
Corinthians: R$ 937 milhões
Palmeiras: R$ 927 milhões
Athletico-PR: R$ 721 milhões
Fluminense: R$ 694 milhões
São Paulo: R$ 680 milhões
Internacional: R$ 654 milhões
Botafogo: R$ 570 milhões
Red Bull Bragantino: R$ 488 milhões
Grêmio: R$ 454 milhões
Santos: R$ 424 milhões
Fortaleza: R$ 371 milhões
Vasco: R$ 364 milhões
Atlético-MG: R$ 350 milhões
Cruzeiro: R$ 243 milhões
“Comparar suas receitas com as dos clubes brasileiros exige bom senso”, afirma Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM. “A margem e a composição de cada tipo de receita entre as diversas que cada clube pode ter são diferentes. No caso de licenciamentos estamos falando de royalties que vem pros clubes e não o valor total da venda das camisas”.
“Ainda assim, os números impressionam: os contratos de patrocínio de camisa desses gigantes superam, sozinhos, toda a arrecadação anual de muitos clubes no Brasil. Isso demonstra a força de marcas globais que vão muito além do futebol”, completou.
Esse poderio econômico de Real Madrid e Barcelona é fruto de um planejamento intenso dos últimos anos. Os mais novos certamente não lembrarão, ou sequer sabem, mas até 2006 o time catalão sequer possuía patrocínios em seus uniformes. Apenas a Nike, fornecedora de material esportivo, estampava sua marca na cobiçada camisa grená.
“São clubes que ao longo do tempo, através do planejamento e estratégia tanto localmente quanto internacionalmente, conseguiram expandir os seus negócios atraindo grandes players do mercado como a Nike/Spotify (no uniforme do Barcelona) quanto como Adidas e Emirates (no uniforme do Real Madrid)”, analisou Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo.
Na contramão, aparece justamente o Brasil e sua incapacidade de gerar receitas como esses clubes. Os problemas vão além dos patrocínios da camisa, é verdade, pois a desvalorização do real sobre dólar e euro impacta em qualquer tipo de contrato.
“Infelizmente, tivemos uma demora de décadas para pensarmos nas transmissões do nosso futebol de forma globalizada. Imagine que, há décadas atrás, os clubes europeus já transmitiam seus jogos para outros continentes formando uma legião de fãs mundo afora”, opinou Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo
“É muito claro perceber que não temos tantas multinacionais patrocinando nossos clubes, isto está diretamente ligado à nossa audiência/alcance”, concluiu.
O resultado direto disso é um clássico multibilionário que atrai atenção do mundo inteiro e faz a máquina de dinheiro continuar girando. Ao assistir ao clássico espanhol no Santiago Bernabéu, preste bem atenção na camisa branca do Real Madrid e na grená do Barcelona. E não se engane: isso, sim, é pesado.