Presidente da Comissão de Ética e Disciplina do Corinthians, Leonardo Pantaleão protocolou, no Conselho Deliberativo, uma sugestão de afastamento imediato do ex-presidente Andrés Sanchez diante das decisões proferidas pela Justiça de São Paulo na última quinta-feira.

A Justiça rejeitou, na quinta-feira (11), parte da denúncia feita pelo Ministério Público de São Paulo contra Andrés Sanchez. O ex-presidente foi acusado por apropriação indébita agravada continuada, lavagem de dinheiro e falsidade de documento tributário, crimes relacionados aos gastos irregulares nos cartões corporativos do clube entre 2018 e 2020. As duas últimas acusações não foram acolhidas pela juíza responsável pelo caso.

Andrés Sanchez, vale lembrar, já está afastado do Conselho Deliberativo e do Conselho de Orientação (CORI) do Corinthians. Entretanto, o próprio ex-dirigente havia solicitado o afastamento, após aconselhamento de Romeu Tuma Júnior, decisão que lhe garante autonomia suficiente para retomar suas funções quando bem entender.

O ofício de Pantaleão tem caráter opinativo. Trata-se apenas de uma sugestão enviada ao presidente do CD, Romeu Tuma Júnior, e aos demais membros das Comissões de Ética e Justiça do clube. Pantaleão defende que Andrés Sanchez seja afastado até que todas as investigações contra ele, tanto internas como externas, sejam devidamente concluídas.

No documento, ao qual a Gazeta Esportiva teve acesso, Pantaleão baseia-se em uma medida cautelar para definir o futuro do ex-presidente. O vice do CD considera insuficiente o pedido voluntário de afastamento de Andrés Sanchez, justamente por lhe conferir a liberdade de reverter a decisão a qualquer momento, sem chancela ou aprovação do Conselho Deliberativo.

“Tal característica revela a insuficiência dessa providência para assegurar estabilidade, previsibilidade e segurança institucional, sobretudo diante da gravidade objetiva dos fatos e da existência de medidas cautelares judiciais que impactam diretamente o ambiente do SCCP”, diz trecho do ofício.

Pantaleão, portanto, sugeriu que Romeu Tuma Júnior convoque “com a urgência que o caso requer” uma sessão do plenário do Conselho Deliberativo, destinada a deliberar sobre a proposta de afastamento de Andrés Sanchez de suas funções no clube por parte do CD.

“A presente manifestação, reitera-se, não antecipa juízo de culpa, mas visa resguardar a coerência, a credibilidade e a autoridade institucional do Conselho Deliberativo do Sport Club Corinthians Paulista, assegurando que fatos de gravidade objetiva sejam enfrentados com responsabilidade, transparência e respeito ao interesse maior da instituição”, concluiu o advogado no documento.

A Gazeta Esportiva tentou contato com Leonardo Pantaleão, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. Caso o vice-presidente do CD se manifeste, a reportagem será atualizada.

Entenda o caso

Na última quinta-feira, a juíza da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, Marcia Mayumi Okoda Oshira, rejeitou as acusações de lavagem de dinheiro e falsidade de documento tributário contra Andrés Sanchez e Roberto Gavioli, gerente financeiro afastado do Corinthians.

A magistrada alegou que a denúncia do MP não abrangia tais casos, mas ressaltou que a ação de apropriação indébita deve continuar sendo investigada. No entanto, essa ação deverá ser encaminhada a uma vara criminal comum.

Apesar de rejeitar parte das acusações, a juíza determinou algumas medidas que Andrés Sanchez e Roberto Gavioli deverão cumprir para a continuidade da investigação. Caso o gerente afastado e o ex-presidente não respeitem a decisão, poderão ser presos preventivamente.

  1. Proibição de contato com as testemunhas e com os dirigentes do Corinthians;

  2. Proibição de saída do país sem autorização judicial;

  3. Bloqueio de bens de Andrés Sanchez e Roberto Gavioli até o limite de R$ 480.169,69 — referente ao valor classificado como “gasto irregular” pelo MP, após os juros e a correção monetária.

Relembre o caso

No dia 15 de outubro de 2025, o Ministério Público de São Paulo denunciou Andrés Sanchez e Roberto Gavioli por crimes referentes a gastos irregulares nos cartões corporativos do Corinthians entre agosto de 2018 e dezembro de 2020.

Por conta dos juros e da correção monetária, o MP-SP cobra o ressarcimento em mais de R$ 480 mil. Além disso, também exige pagamento de R$ 360 mil (75% do valor total) de cada um, por danos morais e materiais ao Corinthians.

Vale lembrar que o Ministério Público não investiga apenas o mandato de Andrés Sanchez, mas possíveis irregularidades nos outros dois últimos mandatos presidenciais do Corinthians, o de Duílio Monteiro Alves e o de Augusto Melo.

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