Se você for assistir a algum jogo da Premier League no Disney+ nesta temporada, provavelmente vai encontrar algum brasileiro em campo. Isso não é previsão; é dado: a competição de 2024/25 contará com 30 atletas nascidos no Brasil – número que pode variar para mais ou menos até o fechamento da janela de transferências. Nenhum outro país estrangeiro terá tantos representantes na divisão de elite da Inglaterra.
A partir desta sexta-feira (16), quando a bola rolar para a primeira das 38 rodadas, cinco “brazucas” recém-chegados terão a missão de manter um legado que começou com a contratação de Isaías pelo Coventry City, em agosto de 1995, e tomou forma ao longo das últimas três décadas. De Juninho Paulista a Alisson, de Gilberto Silva a Gabriel Jesus, pouco a pouco o solo inglês se pintou de verde e amarelo.
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Igor Thiago, Savinho, Carlos Miguel, Luis Guilherme e Pedro Lima são os frutos das sementes plantadas no meio da década de 1990.
Com as portas já abertas pelos pioneiros, eles encontrarão uma liga que não só contrata, como quer idolatrar atletas brasileiros.
Há espaço para o Brasil na Inglaterra. E os cinco atletas terão a missão de continuar mostrando o porquê.
Quem chega mais desconhecido pelo público é o atacante Igor Thiago. Mas, aos 22 anos, ele está prestes a fazer história: quando entrar em campo pelo Brentford, será o primeiro brasileiro a atuar pelo clube nos incríveis 134 anos de existência.
Vindo do Club Brugge, da Bélgica, assinou contrato de cinco anos. No Brasil, o jogador atuou pelo Cruzeiro, onde subiu ao profissional em 2020. Ele desembarca com moral no clube inglês, com o aval do técnico Thomas Frank.
“Contratamos um jogador-chave para uma posição-chave. Thiago é um atacante que se encaixa no nosso time. Ele trabalha forte, tem presença física e é muito bom na área. Está evoluindo no Campeonato Belga e estamos ansiosos para vê-lo com a camisa vermelha e branca”, disse o treinador, à época do anúncio.
Antes de ganhar a vida no futebol, Igor Thiago foi servente de pedreiro, trabalhou na feira e entregou panfletos de supermercados. Uma trajetória que traz bagagem para ajudar a manter uma marca que dura três temporadas: ter pelo menos três dezenas de brasileiros na Premier League.
Savinho, por outro lado, é quem vive o momento mais emblemático. Ele foi uma das caras novas na convocação de Dorival Júnior para a Copa América, disputada entre junho e julho, e até fez gol. Virou a sombra do titular Raphinha.
Com apenas 20 anos, o atacante estava no Girona, da Espanha. Agora, será mais um atleta do estrelado elenco do Manchester City. As duas equipes têm o mesmo dono, o Grupo City, e tiveram liberação da UEFA e da FA para concluírem o negócio.
“Estou animado com a oportunidade de trabalhar com Pep [Guardiola], um dos maiores treinadores de todos os tempos, e alguém que sei que me ajudará a melhorar ainda mais”, disse o atacante, revelado pelo Atlético-MG. A primeira oportunidade no profissional do Galo aconteceu em 2020, quando tinha apenas 16 anos.
A troca de LALIGA para Premier League é também um retrato dos novos tempos. A Espanha levou um jogador brasileiro pela primeira vez na década de 1930. Viu Evaristo de Macedo ser ídolo nos rivais Barcelona e Real Madrid entre 50 e 60. Foi casa de Romário, Rivaldo, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho entre o fim do século passado e início do atual.
Por muito tempo, o futebol espanhol foi alvo de desejo de jovens craques do Brasil. Nesta temporada, serão apenas 12 brasileiros atuando por lá. A Premier League reúne mais do que o dobro em comparação com as outras principais ligas.
Luis Guilherme pode ser enquadrado por alguns torcedores no status de jovem craque. Ele faz parte da “geração do bilhão” do Palmeiras – as joias reveladas pela equipe nos últimos anos e que movimentaram muito dinheiro para o clube. Outros são Endrick, que foi para o Real Madrid, e Estêvão, que chegará ao Chelsea no próximo ano.
A venda do meia de 18 anos ao West Ham girou em tornou de 30 milhões de euros (R$ 180,2 milhões), sendo 23 milhões de euros (R$ 138,2 milhões) fixos e os outros 7 milhões de euros (R$ 42 milhões) em metas a serem cumpridas pelo atleta.
O jovem fez 18 jogos pelo Palmeiras neste ano, com um gol e uma assistência. A chegada tem sido recheada de expectativas por parte do jogador.
“A Premier League é a melhor liga do mundo. Acredito que vou melhorar muito aqui com toda a equipe do West Ham, o que é fundamental para o meu desenvolvimento. Quando criança, sempre que tinha oportunidade, assistia ao futebol inglês. Ver como está e agora poder jogar aqui é uma sensação incrível”, afirmou.
No futebol inglês, Luis Guilherme vai enfrentar um antigo rival, também recém-chegado: Carlos Miguel, ex-Corinthians. O goleiro assinou contrato com o Nottingham Forest até junho de 2028. O time inglês pagou a multa rescisória que o jogador tinha com o Alvinegro.
“Estou muito feliz e honrado em representar este clube. Só de ver o estádio e sentir a energia dentro dele, mal posso esperar para entrar em campo e ajudar o Nottingham Forest a vencer”, disse o atleta, ao site oficial da equipe.
“Meu principal objetivo é me tornar um membro importante deste time, um clube gigante na história do futebol. Quero um lugar no museu como os outros”, completou.
Ele chegou ao Corinthians em 2021 e fez 25 jogos pela equipe profissional. Foi reserva de Cássio e era o substituto natural após a saída do ídolo para o Cruzeiro. Os planos, no entanto, mudaram.
Carlos Miguel ajudará o Brasil a continuar como o país com mais estrangeiros na Premier League.
Quem também entra nessa estatística é o lateral-direito Pedro Lima, que estava no Sport, onde foi revelado. Ele foi vendido ao Wolverhampton quando somava 26 partidas na temporada, com dois gols e duas assistências.
O jogador, que completou 18 anos em julho, também foi sondado por Chelsea e Real Madrid. O “chapéu” nos Blues virou até alvo de piada no anúncio do atleta, com o brasileiro Matheus Cunha “silenciando” uma notícia em rede social que citava acerto do jovem com a equipe londrina.
Os Wolves pagaram 10 milhões de euros (R$ 60 milhões) para ter a promessa no elenco. É um novo ciclo que começa.
E, para começar, algo também precisa terminar.
Alguns brasileiros deixaram a Premier League que se inicia nesta sexta-feira (16). Dois deles, é verdade, de maneira forçada: Vitinho e Vinicius Souza, rebaixados com Burnley e Sheffield United, respectivamente, vão disputar a segunda divisão do país. Andrey Santos, volante que pertence ao Chelsea, foi cedido ao Strasbourg, da França. E outros, com maior bagagem, também deram adeus.
A saída mais marcante é a de Thiago Silva, que se despediu como ídolo do Chelsea após quase quatro anos no clube.
O zagueiro conquistou seis títulos, incluindo a Champions League de 2020/21 e o Mundial de Clubes de 2021.
“Eu gostaria de agradecer a todos os jogadores. Ao staff, ao clube. Muito obrigado! Obrigado por todo o apoio e por todas as memórias que criamos durante esses quatro anos incríveis. Agora, meu sonho é ver meus dois filhos jogarem por vocês um dia. Eu amo muito vocês, pessoal. Eu vou sentir saudades. Adeus”, disse o jogador, à transmissão da Premier League.
Na despedida, os torcedores preparam um bandeirão com a imagem do atleta e a bandeira do Brasil. “Obrigado, Monstro! Um de nós”, dizia.
Willian, outro atleta histórico para o futebol inglês, deixou o Fulham e está sem clube. O meia também tem passagem por Chelsea e Arsenal. Ele é o brasileiro com mais partidas pela liga inglesa, com 317 jogos, e pode até pintar em outro time do país em breve, já que o desejo da família é continuar em Londres.
Emerson Royal, que estava sendo pouco aproveitado pelo Tottenham, vai para o Milan, da Itália. Douglas Luiz também deixará a Inglaterra rumo ao futebol italiano: vai defender a Juventus depois de cinco anos no Villa Park.
O zagueiro Felipe, que estava no Nottingham Forest, se aposentou.
Entre saídas e chegadas, caras novas e antigas, a certeza é de que a Premier League seguirá tendo um toque bem brasileiro.