Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, disse que proporá uma “reorganização corporativa” do clube, com os membros votando se uma mudança na estrutura de propriedade é necessária para proteger os ativos financeiros dos merengues.
O Real Madrid é um dos quatro clubes espanhóis — junto com Barcelona, Athletic Bilbao e Osasuna — que continuam sendo de propriedade dos associados e não foram obrigados a se tornar sociedades anônimas segundo uma lei de 1990.
Em um discurso de 90 minutos na assembleia anual do clube, Pérez afirmou que uma disputa com LALIGA sobre o acordo de investimento da Capital Partners, que viu outros clubes receberem um total de 2 bilhões de euros (R$ 12 bilhões segundo o câmbio atual) em troca de futuras receitas de transmissão, e a maneira como a liga negocia coletivamente os direitos de TV significava que uma nova estrutura era necessária para garantir a independência do clube.
“Estamos trabalhando para nos defender de ataques à nossa riqueza financeira”, disse Perez. “Nosso clube deve ter uma estrutura que nos proteja como instituição. Faremos tudo o que for necessário para que o clube pertença aos seus membros, para que ninguém possa tirar nossos ativos financeiros”.
“Posso confirmar que levaremos uma proposta de reorganização corporativa a uma assembleia, o que garante que os membros são os verdadeiros donos do nosso clube. Eles queriam tirar nossa renda para dar à LALIGA”. Pérez não deu detalhes sobre o que a reorganização envolveria.
“Vou mantê-los informados, faremos uma assembleia para explicar isso claramente”, disse ele.
“Vocês entenderão perfeitamente… Darei tudo para que a renda do Real Madrid continue sendo a do Real Madrid, a do Barcelona continue sendo a do Barcelona e a do Athletic Bilbao continue sendo a do Athletic. Nosso clube deve ter uma estrutura para nos proteger.”
No discurso, Pérez também criticou o fato de Vinicius Jr. ter perdido a Bola de Ouro, reiterou sua oposição à UEFA e apoio à Superliga, além de rejeitar preocupações sobre perda de receita devido aos shows adiados no novo Bernabéu.
“Rodri [Hernández] é um grande jogador, é de Madri e tem o nosso carinho”, disse Pérez. “Ele merecia uma Bola de Ouro, mas não esta. Ele a mereceu no ano anterior. Este ano, a Bola de Ouro deveria ter ido para um jogador do Real Madrid: Vinicius, ou nosso capitão Dani Carvajal, ou mesmo Jude Bellingham”.
“Alguns [dos votantes] nem incluíram Vinicius no top 10. Alguém consegue entender jornalistas que não acham Vinicius um dos melhores do mundo? Ninguém sabe quem são [os jornalistas]… A Bola de Ouro deveria ser organizada de forma independente e deveria estar nas mãos de pessoas reconhecidas”.
Nos últimos anos, Pérez usou seu discurso na assembleia para expressar repetidamente sua oposição à UEFA e ao novo formato da Uefa Champions League, e insistir na necessidade de uma mudança radical no futebol europeu.
“Não queremos entrar para a história como a Blockbuster“, disse ele, referindo-se à outrora dominante rede de aluguel de vídeos e comparando-a desfavoravelmente com empresas de streaming.
“Queremos adotar novas tecnologias…há uma oportunidade real para uma mudança de direção, para restaurar a grandeza do futebol. Este sistema não funciona. O momento é crítico. É hora de agir”.
Pérez disse que a decisão do clube, de setembro deste ano, de adiar todos os shows planejados no estádio Santiago Bernabéu reconstruído após reclamações dos vizinhos sobre os níveis de ruído foi uma questão menor em termos de impacto financeiro.
“A organização de shows não é especialmente lucrativa para o clube”, ele disse. “Nós apenas alugamos o estádio. A renda é de cerca de 1% do nosso orçamento anual.
“Mas entendemos que essa atividade é importante. Isso significa que todos os cidadãos de Madri se beneficiam [do estádio]. Estamos à disposição das autoridades locais”, finalizou.