Alex Poatan vem chamando mais atenção a cada luta que faz no UFC. No último sábado (5), contra Khalil Rountree, o brasileiro venceu por nocaute técnico no quarto round em sua terceira defesa do cinturão dos pesos meio-pesados. E a sua atuação rendeu elogios de lendas da modalidade.
Em seu programa com Daniel Cormier na ESPN, Chael Sonnen não poupou elogios ao brasileiro. O ex-lutador citou lendas das artes marciais como Mike Tyson e Royce Gracie para citar o tamanho que Alex Pereira vem ganhando.
“Alex Pereira: A primeira vez que o Wanderlei Silva estava na minha frente, e ele entrou numa academia do Randy Couture, e eu lembro que eu estava no tatame fazendo sparring, ele entrou, e ele estava de costas, eu juro por Deus que eu conseguia sentir algo ao redor dele. Eu senti a mesma coisa quando eu vi o Royce pela primeira vez, a primeira vez que eu vi o Mike Tyson. O Pereira está igual”, começou Sonnen.
O falastrão citou até mesmo Dwayne ‘The Rock’ Johnson, ator que fez carreira também como lutador, para exaltar a forma como Poatan vem conseguindo gerar também engajamento e entretenimento fora dos octógonos.
“Há algo acontecendo o tempo todo, esse cara está abraçando o lado do entretenimento, Daniel. No finalzinho da luta, eu percebi isso num feed da internet nessa manhã, porque eu pedi na hora que aconteceu. No caminho para sair da arena, a multidão ficou até depois do evento principal, e ele começa um “Chama”. Ele começa um grito de torcida, e eles cantam junto, e ele faz, e eles fazem junto, de novo e de novo”, disse.
“O ‘The Rock’ é o único showman por aí que consegue fazer o público se engajar. Fazer o público levantar e cantar de volta para ele. Nós temos um cara que nem fala a língua nativamente, e ele é quem está liderando isso? Eu realmente nunca vi algo como o Pereira, de um lutador, para uma presença, para um líder, para uma inspiração, o cara é especial, e eu não teria previsto isso, Daniel”, completou.
Mas não é apenas na aura ou no entretenimento que Poatan se compara a outros grandes nomes das artes marciais. Para Sonnen, o brasileiro traz outro fator que lhe faz lembrar Mike Tyson, lenda do boxe mundial.
“O Mike Tyson era uma figura esportiva intimidadora e amedrontadora. Ele de fato causava um medo nas pessoas, e então elas só esperavam e olhavam para o homem, para ver o que ele ia fazer. Mas nós sabíamos o que ele ia fazer tecnicamente, os oponentes e os treinadores sabiam o que ele ia fazer tecnicamente”, apontou.
“Nós sabíamos sobre o uppercut, nós sabíamos que ele ia finalizar, nós até sabíamos como ele ia entrar e se aproximar do seu oponente com aqueles braços mais curtos, e eu só estou trazendo isso porque nós sabemos tudo que o Pereira vai fazer. Ele não revelou uma nova ferramenta ainda. Ele ainda não revelou uma nova ainda”, seguiu.
“Kayla Harrison, por exemplo, ela é uma judoca campeã olímpica, mais de uma vez, e ela vai lá, como todo mundo, e diz: ok, deixe eu te mostrar minhas mãos. Deixe eu te mostrar no que eu trabalhei na academia. Deixe eu te mostrar que eu estou me tornando completa. Isso faz um certo sentido. Existe uma razão porque todos os especialistas chegam e fazem isso, eles sentem que eles têm que mostrar essas coisas”, acrescentou.
Por fim, Sonnen exaltou o fato de o brasileiro campeão dos meio-pesados não se afastar de sua origem no kickboxing, lembrando da forma que Lyoto Machida reforçava ser um atleta vindo do caratê.
“O Pereira não está lá tentando quedas, ele não está lá tentando chaves de braço, ele não se distanciou do seu ganha pão uma única vez. Ele é um representante tão grande do kickboxing e toda aquela comunidade, que realmente precisa de um líder, deveria apoiá-lo muito mais do que apoiam. Ele trouxe essa arte marcial de volta ao foco da mesma forma que o Machida trouxe uma mística de volta ao caratê”, finalizou.
Daniel Cormier também se declara a Poatan
Cormier concordou com o colega e ainda foi além, analisando o jeito simples do brasileiro fora dos combates. “Quando ele entra numa sala, ele é quieto, mas ele não precisa falar muito, na verdade. Todo o lance dele é tão intimidador, mas na realidade ele é um cara legal. Mas, se você não conhece ele… tudo que você vê é um brasileiro, com cara de pedra, que só espanca as pessoas. Essa é a única palavra que eu consigo encontrar para o que eu vi no último fim de semana. E isso transparece, porque as pessoas estão fixadas nesse cara, eles o amam”.
Daniel Cormier ainda exaltou a forma como o lutador brasileiro vem acumulando lutas em um curto período de tempo, algo nem tão usual. Ao todo, o campeão dos meio-pesados teve quatro lutas em um espaço de 11 meses. “E não há nada mais importante nas lutas que ser presente. Então, ele lutando com a frequência que ele lutou, que ele luta, faz com que ele seja mais valioso, não só para a companhia, mas para os fãs. Porque muitas vezes, você tem um cara que ganha o cinturão, e então ele some por um tempo”.
“O Ilia Topuria venceu o cinturão em janeiro, eu creio, e ele não lutou de novo. E ele não vai lutar até o próximo pay-per-view. Demora para os campeões sumirem, e eu não acho que isso seja ruim, mas para o Pereira, ele conseguiu, de alguma forma, ser ativo e ainda ter os fãs se apaixonando por ele. Mas isso se dá graças ao estilo de luta dele”, comparou.
“Eu estava literalmente sentado do lado daquela grade no sábado de noite e eu pensei comigo mesmo: ‘se essas oportunidades fossem presentes assim, eu teria ganhado muito mais dinheiro ao longo da minha carreira, porque eu também continuaria lutando’. E então eu pensava sobre, e falava: ‘Ah, eu não sei se eu ia querer bater o peso tantas vezes quanto eu bati’. Ele está fazendo tudo. Ele está batendo o peso, ele está lutando, ele está vencendo, defendendo cinturões, realmente é um momento especial para assistir a um cara fazer coisas nas artes marciais que eu não sei se nós já vimos antes”, seguiu.
O ex-lutador dos pesos pesados ainda disse que sentiu Poatan comprando o discurso de que a luta era fácil, tendo mais dificuldades por isso. Ainda assim, conseguiu se recuperar e terminou com atuação de destaque.
“Chael, no sábado, a coisa que mais se destacou para mim, eu vi aquele cara ficar atrás no placar, porque eu acho que ele comprou o discurso de: ‘Esse cara é o número 8 no mundo, eu vou amassá-lo’. E então ficou mais difícil do que ele esperava. Como você disse antes, o que você faz quando um duelo fica mais difícil do que você pensava que ele ia ser? Ele se compõe, ele desacelera, ele tratou aquilo como se ele estivesse lá dentro com o striker mais perigoso do mundo, e aí ele bateu para c*** no Khalil Rountree, foi loucura”, avaliou.