Thiago Silva precisou de apenas um jogo oficial em 2025 para transformar uma entrevista na beira do gramado em um desabafo longo e completo sobre a preparação do Fluminense, o calendário do futebol brasileiro e as críticas da torcida.

Após o empate sem gols com o Madureira, o zagueiro foi escolhido para atender a imprensa ainda em campo e fez vários apontamentos do que considera estar errado no futebol do Brasil. No fim, ainda citou a situação familiar, já que sua esposa e filhos moram em Londres, enquanto o camisa 3 vive sozinho no Rio de Janeiro.

Thiago Silva lembrou a dificuldade de encarar uma temporada longa com apenas duas semanas de treino e o problema de atuar em um horário ingrato sem estar com físico em dia. O zagueiro disse entender as críticas dos torcedores, mas disse que, nessas circunstâncias, é quase impossível atuar bem.

“Acho que está tudo errado. A gente não pode ter só duas semanas de preparação, jogar 16h em um sol desses. Os caras estão treinando tem três meses. Acho que as pessoas estão pensando muito em outras coisas e deixando o espetáculo, que tem que ser espetáculo, ser isso aí. Não é desculpa, mas eu fiz um treino de 40 minutos e joguei 90 hoje. A gente não tem tempo, gente”, falou o defensor.

“Eles (torcedores) têm razão? Lógico que tem, pagaram ingresso. Isso deixa a gente chateado, porque a gente quer fazer melhor, só que se a gente não tem condição física, é impossível de fazer. Impossível! Não adianta querer fazer o que quiser. Todo jogo, a gente estreia três, quatro, cinco, então já começa o jogo abaixo dos caras”, continuou Thiago Silva.

“Mas, enfim, Campeonato Carioca é esse, a gente tenta encarar como pré-temporada, mas a torcida, não. Eles querem encarar como se fosse o último jogo, que tem que ganhar. A gente sabe que tem que ganhar, não fizemos por merecer hoje, por isso a cobrança. A gente sabe que não fizemos um bom jogo, mas sem condição física fica quase impossível fazer alguma coisa em um jogo às 16h”, completou.

No mesmo desabafo, Thiago Silva demonstrou chateação com os insultos da torcida e lembrou que, para realizar o sonho de voltar ao Fluminense, precisou abrir mão de conviver com a família.

“Se as pessoas não pensarem um pouco no produto, até para as televisões que transmitem, fica um jogo feio. Muitos que estão vendo o jogo pensam ‘esse não é o Fluminense, não é o Madureira’, porque fica um jogo feio. Campo seco, a bola. Tudo isso faz você cometer erros que a gente não comete. Aí, a gente é obrigado a escutar um ‘vai para aquele lugar’. Minha família em Londres. Será que vale a pena tudo isso para mim? Não sei, mas eu vou continuar, porque vim aqui com um propósito e vou segui-lo até o final”.

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