As fortes críticas de Luis Suárez à gestão de grupo feita pelo técnico Marcelo Bielsa na seleção uruguaia ganharam força. O goleiro Sergio Rochet, do Internacional, e Federico Valverde, astro do Real Madrid, corroboraram as declarações e confirmaram que tudo dito é verdade.
As críticas de Suárez se devem ao lado humano do tratamento do treinador. O atacante, que se aposentou da seleção, disse que os jogadores não estavam gostando nem mesmo de defender o Uruguai.
“Você vê que os jogadores vão e não gostam. Você vê que nos seus clubes eles se divertem e sorriem, mas com a nossa seleção não conseguem. Não estão gostando. Me dói o que está vivendo a seleção, mas há colegas que não vão dizer isso. É compreensível”, afirmou, à DirecTV Sports.
Suárez revelou que nos dias de convivência durante a Copa América houve muitas situações que geraram atritos. Uma delas teria sido um pedido da equipe a Bielsa para “pelo menos dar bom dia a eles”.
“Naquela altura, como capitão, disse aos jogadores que ia falar com o treinador, disse ao Giordano [diretor de seleções] que queria falar com o Bielsa para lhe dizer que estávamos todos no mesmo barco. Me sentei na frente dele, falei uns cinco minutos, disse que o apoiávamos, que respeitávamos as suas decisões. Ele olhou para mim e disse ‘muito obrigado, Luis’. Levantei e fui embora”, contou.
“Ele não me respondeu nada depois de cinco minutos que falei. Não tive nenhuma resposta. A partir daí aceitei que tinha que ficar sempre calado e respeitar o que ele dizia até continuar o meu caminho e tomar uma decisão sobre o que ia fazer na seleção”, completou.
Agora, os dois ex-companheiros de Suárez na seleção garantiram o teor das declarações.
“Luis tomou a decisão de se expressar e está em seu direito. O único que posso dizer é que contou coisas que, sim, ocorreram. O que me cabe é estar aqui e tentar esclarecer todas as coisas que aconteceram para resolvê-las e tornar o ambiente agradável para treinar e trabalhar”, disse Rochet.
“Será inevitável conversar [sobre isso]. Não só entre comissão e jogadores, mas também com a federação. Na minha opinião, essas coisas são resolvidas das portas para dentro. O que queremos é o melhor para a seleção”, completou, acreditando que não haverá alguma consequência pesada.
“O que ele disse ecoa, mas são coisas que acontecem em muitos elencos. Agora teve um impacto grande porque quem disse foi o Suárez”, afirmou.
Federico Valverde foi na mesma linha do goleiro do Internacional.
“O que o Suárez disse é verdade, não mentiu, não exagerou em nenhum momento, disse as coisas como são. Agora, da minha parte e dos outros, resta falar entre nós no vestiário, como equipe, para melhorar e seguir crescendo”, pontuou.
O volante citou que será necessária uma reunião para resolver as diferenças.
“Como já tivemos várias [reuniões] desde que ele (Bielsa) está lá. Sempre arrumamos conversando, falando sobre diversas circustâncias, e essa é mais uma que será dessa forma”, disse.
O jogador garantiu que não houve conversas com Suárez antes das revelações e afirmou que o atacante “não precisa pedir permissão a ninguém”, já que “sempre representou em tudo” e “vive o futebol com paixão tremenda. É o Luis Suárez e pode fazer o que quiser”.
Ele, no entanto, disse que não chegou a perder a vontade de defender o Uruguai. “É muito difícil perder, venho feliz porque trago meus filhos e eles podem ver o pai defender o país”, finalizou.